Os democratas aprovaram na noite de sexta-feira, na Câmara, um projeto de lei que prevê mais US$ 3 trilhões em socorro à crise econômica nos Estados Unidos provocada pela pandemia do coronavírus. O texto, que teve oposição de quase todos os deputados republicanos - apenas um deu voto a favor - não deve se tornar lei, como propõe, mas desencadeará negociações difíceis com a Casa Branca e os republicanos no Senado. O resultado em torno do projeto deverá ser a última grande medida de resposta à crise do coronavírus antes das eleições presidenciais americanas e do Congresso, em novembro.
A proposta dos democratas custaria mais aos cofres norte-americanos do que os pacotes de ajuda aprovados anteriormente. Nela está previsto quase US$ 1 trilhão para governos estaduais e locais e mais uma rodada de pagamentos de US$ 1,2 milhão feitos diretamente a americanos, que trariam alívio a desempregados, locatários e proprietários de imóveis, detentores de dívidas com universidades, além do serviço de correios do país, que enfrenta dificuldades.
"Não agir agora não seria irresponsável apenas do ponto de vista humanitário, seria irresponsável porque só vai custar mais", disse na sessão a presidente da Câmara, Nancy Pelosi. "Mais vidas, mais meios de subsistência, mais custo para o orçamento e para nossa democracia", acrescentou.
Os republicanos ridicularizaram o projeto, dizendo que o texto chegou "morto" ao Senado, liderado pelo partido, e que enfrentaria ameaça de veto na Casa Branca. Os líderes do partido alegam querer avaliar os efeitos dos outros US$ 3 trilhões aprovados anteriormente e se a reabertura parcial do comércio em alguns Estados provocaria um renascimento econômico que diminuiria a necessidade de mais programas de ajuda.
Membros do partido, no entanto, analisam divisões internas e aguardam sinais mais fortes do presidente Donald Trump sobre apoiar ou não o projeto. Trump e os principais republicanos, como o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, de Nova York, têm insistido que a próxima medida deve proteger a reabertura de empresas de ações judiciais. O presidente também vem exigindo um corte nos impostos sobre os salários, mas líderes do partido republicano ainda não estão de acordo sobre este ponto. (E.C.)