Tinha lido em vários artigos, e ouvido em outras mídias, que o Brasil aproximava-se de uma "tempestade perfeita".
Afinal, diziam os especialistas, o país, que apresentava viés de crescimento, ao ser assolado, de uma hora para outra, pelo vírus que infecta o mundo, teve sua já pífia economia ainda mais combalida.
Por outro lado, nosso incipiente sistema de saúde exibiu suas falhas, mostrando-se rudimentar, defasado e impróprio para os tempos atuais.
Não fosse a improvisação, "virtude" que nos tem caracterizado - hospitais de campanha construídos às pressas, adaptação de peças que permitiram o funcionamento de respiradores, etc. - e a solidariedade - cujo exemplo maior é a fabricação individual e gratuita de máscaras por algumas abnegadas -, e o número de mortes, com certeza, atingiria cifras muito superiores às mais de cinco milhares até hoje computadas.
Não bastasse isso; não estivessem satisfeitos "só" com as duas calamidades que nos assolam, a classe política nacional resolveu adentrar o terreno pantanoso das discussões, abjetas, principalmente no momento crítico que atravessamos.
Voltando, quem sabe, a uma infância perdida, ou saudosa, o chefe do Executivo, dono da bola, e por consequência "rei da pelada", resolveu dar cartão vermelho ao ministro Mandetta, que, embora as nefastas condições, cuidava a contento da pandemia instalada. O motivo - se é que motivada a exoneração -: o responsável pela pasta conseguia aprovação popular recorde, e, com isso, poderia ser seu adversário no próximo pleito presidencial.
Debelada a crise, foi mais além: influenciado por políticos menores, com quem, rendendo-se à velha política, passou a conviver proximamente - a maioria já tendo cumprido pena, e outros em vias de -, dispensou "icônico" ministro da Justiça, que, espingarda carregada, saiu atirando para todos os lados, o que tem suscitado atrapalhadas respostas, investigações criminais e sinalizações de impeachment.
Agora, sim. O círculo se fechou. Em meio à irresponsabilidade, aperfeiçoou-se a tempestade!