Em 1988, ano da promulgação da Constituição Cidadã foi também o ano de estreia da novela Vale Tudo. Nosso país apresentava uma economia em crise, profunda desigualdade social, elevado desemprego e muita corrupção. O enredo da novela girava em torno de uma mãe que é passada para trás pela própria filha e o título fazia referência à percepção de muitos em relação ao país.
Mesmo considerando as inúmeras mudanças ocorridas no Brasil nesses mais de 30 anos é fácil constatar que ainda somos um país profundamente desigual (sairemos do pesadelo que estamos vivendo com essa desigualdade aprofundada) e ainda o país do vale tudo. E esse vale tudo não está só no âmbito da política. Nos negócios privados parece que a ótica não tem sido muito diferente.
Já estamos acostumados a ver estampadas nos jornais notícias sobre empresas que lançam mão de artifícios não muito lícitos para ampliarem seus lucros. A exploração do trabalho infantil e/ou do trabalho análogo ao escravo, infelizmente não é algo raro em nosso país.
Em tempo de pandemia, assistimos comerciantes sem escrúpulo algum elevar, de forma criminosa, os preços de produtos como máscaras e álcool em gel, produtos indispensáveis para a proteção das pessoas.
Nas eleições de 2018, parte dos brasileiros decidiu eleger para presidente, alguém que adotou um discurso prometendo governar sem fazer as costumeiras negociações com os parlamentares. Saímos dela com o Brasil extremamente dividido e em crise econômica, política e institucional.
Tivemos a oportunidade de acompanhar as inúmeras trapalhadas protagonizadas pelo chefe do Executivo, seus filhos e de vários de seus ministros. E é esse mesmo presidente que agora incorpora o chamado "centrão" como sua base parlamentar, se aproximando de figuras muito conhecidas em escândalos ocorridos não faz muito tempo.
Infelizmente, o vale tudo continua.