O senso individual é praticado cada vez mais por todos nós, como consequência da chegada da era digital. E, se é verdade que em todas as situações, boas ou ruins, há algo a se tirar de proveitoso, no caso do coronavírus, o resgate da coletividade, mesmo que seja por razões individuais, chama atenção.
Muitas pessoas já têm a consciência de que é preciso se resguardar em casa o máximo possível, a fim de evitar o contágio dessa praga que se instalou em grande parte do mundo. Por outro lado, assusta a falta de senso coletivo em parte da população brasileira, que continua frequentando bares, casas noturnas, tabacarias, praias e demais locais expostos ao risco.
Ainda não estamos no pior cenário previsto pela Organização Munidial de Saúde (OMS) e já temos a pior crise do sistema aéreo, maior até da época do ocorrido em 11 de setembro, nos Estados Unidos. Agricultura, comércio e empresas também sofrem com a situação. Autoridades reforçam todos os dias os cuidados que a população precisa tomar, mesmo assim, temos de lidar com algumas insanidades que podem atrapalhar a luta contra o vírus. Nosso presidente, por exemplo, dá de ombros à pandemia. "Se eu pegar coronavírus, ninguém tem nada a ver com isso", esbravejou nesta semana. Na mesma linha, porém um pouco mais agressivo em suas chulas palavras, o prefeito de Ferraz de Vasconcelos, Zé Biruta (Republicanos), município com dois casos confirmados do Covid-19, minimizou, na segunda-feira passada, a situação da pandemia. "Povo tá apavorado à toa, brasileiro é forte, muito cruzamento de sangue, raça forte", disparou o prefeito, que ainda utilizou a mistura de raças dos animais como exemplo de força genética do povo brasileiro. "Mais uma semana, isso aí (coronavírus) já sai de moda", finalizou Zé Biruta.
Comparar o povo brasileiro a um vira-latas, como fez Zé Biruta, não é o pior. O mais grave é o desconhecimento do prefeito em relação ao vírus. Infelizmente, a mistura de sangue do brasileiro não foi tão forte para impedir dois casos positivos na cidade que administra.
Usar a empatia nas redes sociais, como se anda fazendo na luta contra o coronavírus, é bonito, mas agora é hora de praticá-la e desenvolver o senso de coletividade com seriedade e conhecimento.