A proposta de concessão das estações ferroviárias de Mogi das Cruzes não é simplesmente uma discussão sobre a modernização na forma de administrar os bens públicos. A partir do momento em que a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), estatal responsável pela gestão dos terminais, abre a possibilidade de transferir o serviço para a iniciativa privada, com a estimativa de que o processo de licitação possa ser concluído até o final deste ano, os estudos para a reforma física dos espaços passam a ser de vital importância.
Para se ter uma ideia da atual condição das estações mogianas, basta recordar que a caçula das quatro unidades, a Estudantes, foi inaugurada em novembro de 1976, ou seja, 43 anos atrás. No início servia apenas para atender a demanda de universitários que transitava pela cidade, com horários limitados e específicos. Somente em meados dos anos 2000 os serviços passaram a ocupar o tempo integral e a estação foi promovida a ponto final da linha 11 - Coral. Nesta trajetória, várias obras de reforma foram realizadas no espaço, mas sempre em caráter de adequação.
A estação central de Mogi das Cruzes, por outro lado, carece de um planejamento ainda mais profundo. Sua construção inicial data de 1875, período em que, convenhamos, o volume de passageiros era infinitamente menor que o de hoje. Atualmente, segundo levantamento da CPTM, passam pela estação uma média de 10 mil passageiros por dia. Claro que desde a sua inauguração, várias reformas foram realizadas. A mais recente é de agosto de 1984, que praticamente reconstruiu o terminal. De lá para cá, assim como na Estudantes, foram efetuadas apenas adaptações para melhorar a acessibilidade.
Nos dias de hoje, é inconcebível, por exemplo, que o tráfego de passageiros entre as plataformas seja controlado por cancelas operadas manualmente pelos funcionários. Isso ocorre tanto na estação Estudantes quanto na central de Mogi. O processo de concessão dos espaços precisa ser encarado de forma séria, que preveja reformas estruturais completas, e não apenas mais uma etapa de adaptações e adequações comerciais.