As restrições impostas pela mudança forçada de hábitos da população diante do enfrentamento da pandemia de coronavírus vai desencadear uma série de fatores que fatalmente dará um choque na economia mundial. Ao esvaziar ruas e locais fechados para evitar a aglomeração das pessoas, principal medida recomendada como prevenção pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os reflexos diretos na Indústria, Comércio e Serviços acontecerão rapidamente, com prejuízos de vendas e de produção e, ato contínuo, na baixa da circulação da moeda.
Ainda é cedo para apontar quais os setores que sofrerão os maiores impactos, mas, desde já, os grandes centros comerciais, como os shoppings, vivem dias de tensão pelo desaparecimento dos consumidores. Na esteira, seguem espaços de lazer e de entretenimento, a maioria fechada por determinação dos órgãos superiores. Funcionários começam a ser dispensados e há uma perspectiva ruim de aumentar o desemprego no país.
Como medidas para minimizar esse cenário sombrio, o governo federal se antecipou ao anunciar o pagamento do 13º salário aos aposentados e pensionistas, que devem injetar cerca de R$ 46 bilhões no mercado nos próximos meses. Há também a proposta de incluir um milhão de pessoas no programa Bolsa Família, com aporte de R$ 3,1 bilhões. Uma manobra para transferir valores do PIS/Pasep para o Fundo de Garantia, com saques mais rápidos, pode colocar em circulação outros
R$ 21,5 bilhões. O volume é considerável e pode dar sobrevida à economia.
Ontem, a Caixa Econômica Federal anunciou que dará uma espécie de trégua, inicialmente por 60 dias, para os pagamentos de empréstimos pessoais e de financiamento de moradias, além de baixar juros de algumas operações bancárias. O governo ainda estuda a criação de uma portaria para permitir às empresas afetadas pelos efeitos do coronavírus a redução da jornada de trabalho e o corte parcial dos salários dos empregados. Segundo o Ministério da Economia, a proposta visa frear o desemprego e o fechamento das empresas.
O conjunto de ações certamente vai diminuir os impactos do Covid-19 na economia, mas não há dúvida de que o balanço no final das restrições terá saldo negativo.