O óbvio é o portal da entrada da estrada da verdade mais difícil de enxergar. Estrada, em que entre sobreviver e viver, entremeiam-se cascatas de precipícios e poucos, com disposição para se livrar de convicções, e praticar libertadores saltos.
Assim, sugere-se desaprender conscientemente como iniciativa para lá de rica: para aprender! Apagar tudo o que representa convicção para, depois, escrever em cima, e avaliar no que deu. Houve um tempo em que se pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sabe-se que dá para renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar.
O que confronta com esta maneira de ver as coisas é o quanto difere da visão do transcorrer do tempo estabelecida por quase todas religiões, em suas perorações. Sempre considerando, diferentemente, o conceito de tempo livre. Para elas, ser o que são, não define inerentemente nada de errado com o fato de se ter compromissos, ou não. Compromissos para elas não representam, em si, perda de tempo.
O detalhe chave é que se teria, sempre, um compromisso com algo muito importante, que para elas significa algo relacionado às necessidades de nossas almas, que há muito deixaram de ser temporais. Para as religiões tempo é sempre tempo para se aproximar da divindade!
Para se chegar à condição vantajosa de se conhecer bem, a ponto de saber que se pode surpreender, sem qualquer trauma, consigo mesmo, a qualquer instante. Sempre calcado na boa norma de conduta: não falar, não contar detalhes, deixar a curiosidade alheia, na berlinda. A convicção e a imaginação dos outros já estão tão convictas, quão difamadas, que é bom deixa-las em paz. É mais difícil lidar com uma má reputação do que com uma má consciência!
Assim, caros convivas: destinar sofrimento somente àquilo que realmente é trágico, e não por aquilo que se revela apenas como um ligeiro incômodo, senão torna-se impraticável a travessia dos dias e todos os obstáculos que neles existem.