O Plano Diretor de Mogi das Cruzes está prestes a passar por reformulação. Ontem, na câmara, ocorreu uma das últimas audiências públicas para definir o futuro das ocupações urbanas e rurais, além do planejamento ordenado para a próxima década - inclusive, uma das principais novidades será a oficialização dos distritos do Taboão, Alto Parateí e Cocuera, o que, na teoria, dará mais autonomia para que essas localidades consigam ter as demandas atendidas com mais celeridade.
Há uma questão, porém, pouco discutida como possível solução de vários problemas: a integração entre bairros vulneráveis e as regiões centrais. Claro que é importante para a população a descentralização dos serviços para facilitar o acesso, mas não é correta a divisão por guetos, comum aos municípios brasileiros - sendo ricos de um lado e pobres de outro. Melhor é a favela mais integrada à cidade do que afastar os moradores em conjuntos habitacionais.
As autoridades precisam resolver problemas comuns, como lixo, infraestrutura, emprego e segurança nos bairros mais pobres. As pessoas jogam lixo próximo de suas casas, muitas vezes, porque o acesso de caminhões de coleta não é fácil. É bem verdade que Mogi das Cruzes tem ecopontos no Jardim Armênia, Jundiapeba e Parque Olímpico, o que já facilita o descarte. Mas, é preciso copiar programas interessantes, como já ocorreu em Curitiba, no Paraná, quando a prefeitura comprava lixo das favelas. Era coleta em troca de vale-transporte. Problemas como falta de água, esgoto e energia elétrica também precisam de ideias inovadores que se transformem em soluções práticas.
Para geração de emprego, a busca por parcerias poderia resolver parte desse grande problema nacional. Quem abre uma pequena empresa ou indústria, por exemplo, contrataria moradores dessas áreas vulneráveis em troca de isenção dos impostos - o que diminuiria até o tráfico de drogas, que deixaria de ser a "única opção", frase que algumas autoridades gostam de se debruçar.
As cidades, em seu Plano Diretor, devem ter planos mais diretos e inovadores para solucionar problemas crônicos.