O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na tarde de ontem, a centenas de militantes que estavam em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), que precisava provar "que o juiz Moro (agora ministro) não é juiz, mas um canalha, e que Dallagnol (Deltan) não era promotor". "Eu tenho mais uns dez processos nas costas, mas é uma mentira atrás da outra. Vocês viram que inventaram uma mentira e tentaram prender a Dilma", disse Lula.
O ex-presidente disse também que o atual presidente, Jair Bolsonaro (PSL), deve sua eleição ao ex-juiz federal e atual ministro da Justiça. "Eleição de Bolsonaro também se deve à campanha de fake news feita contra o [Fernando] Haddad", disse o petista durante o discurso. Este é o segundo discurso de Lula depois de ter deixado na sexta-feira a carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR).
Lula afirmou que se preparou porque queria provar que dorme com a consciência mais tranquila do que seus "algozes". "A única coisa que tenho certeza é de que estou com mais coragem de lutar do que antes. Quero construir um país com a mesma alegria que construímos quando governamos o Brasil", acrescentou.
Ainda de acordo com o petista, "esse cidadão [Bolsonaro] foi eleito e aceitamos o resultado da eleição". Ele disse, ainda, que Bolsonaro foi eleito para governar para o povo e não para milicianos.
O ex-presidente disse que precisa voltar a andar com seus companheiros, entre eles, Fernando Haddad, para mudar a realidade do país. Ele ressaltou que está vendo a queda da taxa básica de juros, a Selic, mas que os juros do cartão de crédito, do cheque especial e do crediário das Casas Bahia continuam altos. "A Selic caiu, mas o spread bancário, não. Então é preciso tomar uma decisão: eu estou disposto a volta a andar por este país porque não é possível ver a cada dia os ricos mais ricos e os pobres, mais pobres", disse.
Lula afirmou, ainda, que vai trabalhar para a esquerda voltar ao poder em 2022. "Se a gente fizer direitinho, em 2022, a chamada esquerda que o Bolsonaro tem tanto medo vai derrotar a ultradireita. Este país não merece o governo que tem", afirmou, ressaltando que o presidente Jair Bolsonaro manda os filhos contarem mentiras todos os dias nas redes sociais, publicando 'fake news'. "Não temos [na esquerda] que ficar brigando. Temos de dizer em alto e bom som: nós não vamos permitir que eles destruam o nosso país", disse.
Ao falar diretamente com militantes, Lula afirmou que não se podia falar palavrão para Bolsonaro, uma vez que "ele já é o próprio palavrão".