Quatro horas da manhã. Enquanto grande parte do mundo - guardados os fusos -, se encontra em pleno descanso, na distante Arábia Saudita, incoerência visível, o presidente da República, logo ele, que proclama abominar a Globo, estava atento ao Jornal Nacional.
Constando que se noticiou que porteiro de condomínio o envolvia no caso Marielle - voz de homem, em sua casa, autorizara a entrada dos pretensos matadores no local - imediatamente, ele que se mostrava folclórico - deixou de levar tradutor na reunião com o mandatário saudita, mas assegurou que, pelos seus modos, só dizia coisas boas -, e pouco cortês, para não dizer imoral - ao insinuar que qualquer de nossas compatriotas adoraria passar a tarde com um príncipe -, se tornou abespinhado, surtou absurdamente, escorregou na maionese, perdeu a compostura que impõe a majestade do cargo que ocupa.
Em vez de se valer do aparato de assessores que o representam, reservando-se para as explicações próprias nos momentos oportunos, veio a público, pelas redes sociais, atirando em tudo e em todos, atacando a não mais poder.
Começou pelo governador do Rio, a quem acusou de traidor de primeira hora, aquele que teria repassado a informação do serviçal - até então em sigilo de Justiça -, ao programa que a veiculara.
Witzel, tido como aquele que poderá lhe fazer frente no próximo pleito presidencial, foi escorraçado ao extremo.
Depois, com a linguagem chula que o caracteriza, entremeada, de erros crassos de português, bem como tirando e pondo os óculos - saudades da comicidade de Flávio Cavalcanti -, achincalhou a emissora, quase que chamando para o desforço físico os seus líderes.
Convenhamos: o jornal só veiculou o que recebeu - e aí o segredo judicial "foi pro brejo" - fazendo a ressalva que, embora o depoimento, constava no dia referido pelo funcionário a presença de Bolsonaro em Brasília. Onde o pecadilho apontado, então? Por que da destilação de tanto ódio?
Talvez isso seja sono, presidente. Vá dormir! Mantenha a pouca linha que ainda lhe resta.