Em um cenário de crise econômica que o país enfrenta, assombrado pelo triste número de desemprego que supera a casa dos seis dígitos, pessoas que outrora trabalhavam dentro da formalidade, buscando uma saída digna para arcar com seus compromissos e sustentar suas famílias, passaram a adentrar ao campo das atividades tidas como alternativas e que, em função disso, são pouco providas pela proteção estatal.
Em que pese tal situação, a necessidade se sobressai e, mesmo com os riscos da atividade, enfrentam as dificuldades que o contexto lhes impõem, como é o caso dos motoristas de aplicativo.
Passageiros agressivos e mal educados, além daqueles que os conduz a locais impróprios e perigosos, são as preocupações diárias desses trabalhadores, porém nada se iguala ao medo de serem vítimas de crime que subtraem os valores obtidos do seu esforço, seu patrimônio e, o que é pior, a sua vida.
Foi o que, lamentavelmente, ocorreu ontem num município da região, onde, atraído por quatro pessoas, sendo parte delas adolescente, um motorista foi brutalmente assassinado mediante o uso do cinto de segurança, instrumento que ironicamente é utilizado para salvar vidas. Ao engodo foi levado o jovem que, desempregado e recuperado recentemente de uma enfermidade, se empenhava para sustentar a esposa dois pequeninos filhos. Diminuindo qualquer hipótese de suspeita, o pedido da "corrida" foi feito pela única mulher do bando que, cego pela ganância e em busca de dinheiro obtido de forma fácil, não pensou duas vezes em dar cabo da vida do pai de família. Hoje, seus entes queridos choram a sua ausência e os policiais, os quais chegaram a tempo de prender um dos criminosos, lamentam não terem conseguido reanimá-lo.
Com o avanço da dinâmica que rege a sociedade, novas posturas se impõe para equaciona-la, minimizando, com isso, que fatos reprováveis como o aqui exposto se repitam e, para tanto, ações multidisciplinares se fazem necessárias. Aos familiares do trabalhador, as nossas condolências.