O Rio de Janeiro continua folclórico e paradoxal.
O folclore se espelha no ex-prefeito César Maia, aquele que em pleno verão carioca - e haja calor -, era visto com jaquetas pesadas, fechadas até o último botão.
O paradoxo, nos discursos dos últimos candidatos à governança, e que, vitoriosos, ao invés de bem gerir, aproveitaram as oportunidades para rapinarem os cofres públicos. Apanhados com a boca na botija, os últimos, ou estão presos, ou processados.
Mas, ao lado de características tão pouco recomendáveis, alia-se uma outra, que também denigre o Estado como um todo: a hipocrisia.
Como exemplo note-se o proceder de Marcelo Crivella, atual prefeito da capital.
Adepto à farra com o dinheiro público, até há pouco via-se na marca do pênalti, eis que - doença infiltrada no corpo da nação -, dava-se à farra com o dinheiro público e dedicava-se à festa de nomeação de apaniguados.
Valendo-se de expediente antigo, o "toma-lá-dá-cá", conseguiu, na bacia das almas, livrar-se do impedimento do mandato, que o rondava.
Perfeitamente normal, a seu ver, o feito não mereceu considerações, malgrado suas repercussões tenham vindo a público em letras garrafais.
Bastou, no entanto, que visse em revista de quadrinhos antiga, apresentada em bienal de artes, cena homossexual, para se abespinhar, e, de imediato, trajando-se de puritano, defensor maior dos bons princípios, passar a esbravejar pela apreensão do gibizinho.
E, suas pregações encontram eco no presidente do Tribunal de Justiça fluminense que, escrevendo, em resumo, que a sociedade se sentia aviltada com o quadro, e que a formação de crianças poderia ser deturpada, optou por mandar buscar a publicação.
Ora, mas era esse mesmo senhor - em um conjunto de magistrados -, que se dava ao luxo de receber o famigerado "auxílio moradia", embora tivesse imóvel próprio no local; é ele quem tem direito a plano de saúde, auxílio universidade para os filhos, etc., dando de ombros aos reclamos populares?
O beijo trocado entre homens, na mão dos tempos atuais, não fere mais que os torpes exemplos citados.
Sepulcros caiados! Pobre Brasil!