Quando os radares de velocidade passaram a ser utilizados no trânsito do Brasil, há pouco mais de 20 anos, diversos estudos foram realizados para se comprovar a sua eficácia como instrumento inibidor de motoristas infratores. A partir de uma lógica simples - a de que a presença de um aparelho que mede a velocidade dos veículos e os delate caso superem os limites permitidos por lei -, os resultados das pesquisas dificilmente não apontarão para a redução no número de infrações. Considerando também que o excesso de velocidade é o maior responsável pela ocorrência de acidentes, e que estes levam à possibilidade de vítimas, não há como negar a necessidade dos controladores de velocidade.
Nesse sentido, o relatório divulgado na semana passada pela Secretaria de Transportes de Mogi das Cruzes, com exclusividade para o Grupo Mogi News, a respeito da queda no número de acidentes de trânsito nos seis locais onde foram implantados radares no início deste ano, não tem sua relevância pelo resultado, mas, sim, pela iniciativa. Ao concluir estatisticamente que houve queda de 25% no número de acidentes e de 58,3% na ocorrência de vítimas, comparando-se os primeiros semestres de 2018 e 2019, o estudo comprova a eficiência dos equipamentos - o que deve realmente ser ressaltado.
Ironicamente, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou há duas semanas, a suspensão dos radares móveis utilizados nas rodovias federais, colocando-os sob suspeita de não cumprirem um papel educativo e de apenas servirem como fonte de renda mal-empregada. Também deixou claro que os equipamentos fixos passarão por revisão, após o encerramento do período contratual. A classificação de caça-níquel para os radares dada pelo presidente tem lá sua procedência, afinal, na prática, muito se multa, mas pouco se vê de aplicação com o dinheiro arrecadado. Entretanto, retirar os radares vai exatamente na contramão de todos os estudos realizados, e comprovados, a respeito da redução de acidentes. O relatório da Secretaria de Transportes de Mogi é mais um ingrediente para encorpar a defesa dos radares.