O Rio de Janeiro, cada vez mais, mergulha no caos provocado pela violência. Os limites alcançados pelos vândalos que atacam a sociedade faz com que, como em uma partida de futebol, uma torcida se sinta inebriada quando a outra sofre o prejuízo.
Só que não se trata de jogo de bola, de uma disputa qualquer, e sim, de vidas em perigo, na maioria das vezes tiradas sem a mínima razão.
O estado de beligerância advindo da filosofia de um governador adepto de filmes americanos - por incrível que pareça se dizia juiz -, tem levado à morte de jovens inocentes, que, imaginando o futuro o tem rapidamente abreviado, através de uma "bala perdida" qualquer.
Na guerra aberta entre o crime organizado - produto de administrações omissas - e os agentes de segurança, danem-se os efeitos colaterais, sofra a população.
Na terça-feira passada, um maluco desses, sequestrou um ônibus, determinando seu estacionamento sobre a ponte Rio-Niterói. Polícia no local, negociações em curso, em dado momento, quando o bandido abandonou o coletivo, um atirador de elite - bem ao estilo Witzel - atingiu-o com tiro fatal, pondo fim ao drama que se desenrolava. Se necessária a ação, não é esse o local para a discussão. Que os especialistas cuidem de comentar.
Mas, mostrando que se adaptaram de tal maneira às desgraças e à nova gerência, diante do homem que se foi, os cariocas comemoravam, jogando baralho, empinando pipas. Havia quem, mesmo ante à cena tétrica, se preocupasse em obter algum ganho, vendendo bolo de pote, salgados e sucos, aos demais que, sem constrangimento, abusavam das fotos ao lado do cadáver, na via expressa.
Ao fundo, chegado ao local em helicóptero - estilo super-herói, como sempre -, sorriso aberto, o governador era só alegria! Ante o nojento espetáculo, lembrei-me do visionário João Bosco: "Tá lá o corpo estendido no chão ... veio o camelô vender, anel, cordão, perfume barato, baiana pra fazer pastel, e um bom churrasco de gato".
Tragicamente, a vida imita a arte. Qual o valor do ser humano?