O anúncio da possível concessão da rodovia Mogi-Bertioga (SP-98) à iniciativa privada pode gerar dois pensamentos aos motoristas que a utilizam. A de que terão de pagar pedágio futuramente ou a de que talvez, enfim, tenham uma pista decente e segura para chegar ao litoral. Mesmo que doa no bolso, a medida surge quase como uma salvação, uma última chance de acabar com tantas tragédias.
A Mogi-Bertioga tem como nome original rodovia Dom Paulo Rolim Loureiro, que foi o primeiro bispo da Diocese de Mogi das Cruzes. Por coincidência, ele morreu em 1975 em um acidente de trânsito. Sete anos depois, em 1982, a Mogi-Bertioga foi inaugurada com seu nome. Dali em diante, a pista revolucionou a vida de mogianos e moradores do Alto Tietê, que tinham a menos de uma hora praias e muita natureza para usufruir com suas famílias e amigos.
No entanto, a rodovia também ficou muito conhecida por seu alto risco de acidentes. A "curva da morte", "o trecho do véu na noiva" e "a neblina na serra" são frases comuns que não saem da boca de quem trafega pela via. Mais recentemente, a curva derradeira onde tombou um ônibus e morreram 17 universitários e o motorista também entrou para as lendas da Mogi-Bertioga.
Há anos, políticos tentam negociar a duplicação da rodovia. No entanto, nunca houve interesse por parte do governo do Estado. O máximo que se conseguiu foram reformas providenciais, manutenção da sinalização, inserção de terceiras faixas e recuos para veículos pesados. Até hoje a Mogi-Bertioga é vista como uma via perigosa, onde já morreram muitas pessoas.
O trânsito em feriados também é outro problema. Se em dias normais se chega ao litoral em menos de uma hora, partindo de Mogi, nas datas especiais motoristas ficam até quatro horas dentro dos carros. A duplicação melhoraria o fluxo.
Para quem ainda tem dúvidas sobre os benefícios de uma concessão, nos rankings das melhores rodovias do Brasil as primeiras colocadas são todas "privatizadas", ou seja, administradas por empresas e não pelo governo. É assim com a rodovia Washington Luís (SP-310) , considerada a melhor do País. Ou ainda com a rodovia Ayrton Senna (SP-70), a terceira melhor.
Atualmente, a Mogi-Bertioga é administrada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e nenhuma novidade tem sido vista em todos os 49 quilômetros de sua extensão. Ter uma estrada em boas condições para ir à praia não tem preço. Mas se tiver, valerá a pena pagar para ter mais segurança e tranquilidade.