Definitivamente, o Brasil não é mais o mesmo. A certeza absoluta de impunidade dos poderosos é coisa do passado. Desbravando a selva da impunidade, o STF julgou a ação penal do mensalão, que condenou e encarcerou uma dezena de políticos e operadores do mais alto escalão do poder. Algo, até então, inédito no Brasil, cuja fama é de paraíso da impunidade.
Embora não resolva todos os problemas do Brasil, a operação Lava Jato é sem dúvida um grande marco e a prova de que, sim, é possível combater de forma eficaz e visível o sistema institucionalizado de corrupção instalado na administração pública. Espera-se que esse exemplo, como a força tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, sejam replicados em todas as esferas, Estados e municípios e estirpe de nosso meio o maior motivo do entrave econômico e social, a corrupção, ainda hoje endêmica.
O que causa estranheza é que a corrupção não está só na Petrobras, mas se alastra por outras estatais, administrações públicas e parece que nada tem sido feito, ao menos com tanta ênfase e visibilidade. Precisamos de mais juízes com a mesma disposição e coragem de Sérgio Moro, assim como mais promotores de Justiça e policiais dispostos a enfrentar os maiores inimigos do Brasil, os corruptos e seus corruptores.
Quando a regra for a Lava Jato, certamente, teremos um país mais justo. Os gritos de que a operação é contra um determinado partido ou pessoa não encontra eco na sociedade. O que todos querem é o fim da corrupção e que os corruptos e corruptores sejam exemplarmente punidos, observadas todas as garantias constitucionais e o amplo direto de defesa.
O fato é que a prisão de um senador da República em pleno exercício de seu mandato popular, a prisão de um amigo íntimo de um ex-presidente da República e também de um importante e famoso banqueiro é um claro recado para toda sociedade, pelo menos na Lava Jato: a Justiça é para todos, ninguém está acima da lei e o poder, seja ele político ou econômico, não garante a liberdade.