Um relatório publicado na última segunda-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef revela que mais de 2,5 bilhões de pessoas precisam de um ou mais produtos assistivos, como cadeiras de rodas, aparelhos auditivos ou aplicativos que apoiem a comunicação e a cognição. Entre as pessoas com necessidades de tecnologia assistiva, estão aquelas com deficiência, idosas, com doenças transmissíveis e não transmissíveis, problemas de saúde mental, declínio funcional gradual ou perda de capacidade intrínseca e as afetadas por crises humanitárias.

No entanto, quase um bilhão dessas pessoas não têm acesso a essas tecnologias, principalmente em países de baixa e média renda, onde o acesso é muito baixo - alcança apenas 3% das pessoas que precisam desses produtos para viver. 

O relatório observa que o número de pessoas que precisam de um ou mais produtos assistivos provavelmente aumentará para 3,5 bilhões até 2050, devido ao envelhecimento da população e ao aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em todo o mundo. Também destaca a grande lacuna no acesso entre países de baixa e alta renda. Uma análise de 35 países revela que o acesso varia de 3% nos países mais pobres a 90% nos países ricos.

O The Global Report on Assistive Technology apresenta evidências sobre a necessidade global e o acesso a produtos assistivos e proporciona uma série de recomendações para expandir a disponibilidade e o acesso, aumentar a conscientização sobre essa necessidade e implementar políticas de inclusão para melhorar a vida de milhões de pessoas. A condição econômica é uma grande barreira ao acesso, indica o relatório. Cerca de dois terços das pessoas com produtos assistivos relataram pagamentos do próprio bolso. Outras relataram contar com o apoio financeiro de familiares e amigos.

Uma pesquisa em 70 países apresentada no relatório encontrou grandes lacunas na prestação de serviços e na força de trabalho treinada para tecnologia assistiva, especialmente nas áreas de cognição, comunicação e autocuidado. Pesquisas anteriores publicadas pela OMS apontam a falta de conscientização e preços inacessíveis, falta de serviços, qualidade, variedade e quantidade inadequadas de produtos e desafios de compras como barreiras.

Os produtos assistivos são geralmente considerados um meio de participação na vida da comunidade e na sociedade; sem eles, as pessoas sofrem exclusão, correm o risco de isolamento, vivem em situação de pobreza, podem enfrentar a fome e serem obrigadas a ser ainda mais dependentes.

Famílias e sociedade também se beneficiam da ampliação do acesso a produtos de qualidade e seguros. Acesse o relatório em https://apps.who.int/iris/handle/10665/354357 (texto em inglês).