Uma das tantas construções coloniais de Mogi das Cruzes, o Casarão do Carmo, localizado no Largo do Carmo, abriga um espaço que é muito conhecido e fez parte do cenário cultural mogiano, mas que hoje é pouco explorado: o tradicional Espaço do Meio, que já foi palco para inúmeros eventos artísticos.
Quando abrigou a Associação Mogiana de Belas Artes (Amba), no período de 1965 a 1968, o Espaço do Meio funcionava como um ateliê coletivo dos artistas plásticos que pertenciam ao grupo. Nessa época, o local recebia exposições de arte, apresentações musicais, cursos e poesias. Anos depois, em 2005, quando a Coordenadoria de Cultura ficava sediada no Casarão do Carmo, os representantes do órgão decidiram reavivar o espaço. De 2005 a 2014, o ambiente recebeu apresentações de dança, teatro, música, festival de poesia, exposições, entremeio literário e virada cultural.
O Espaço do Meio recebeu, em 2006, o nome de Clarice Jorge, que foi fundadora do Teatro Experimental Mogiano (TEM). A homenageada, de 82 anos, destaca que não sabia que o espaço iria receber seu nome. "Me convidaram para ir a um festival de poesia que ia ter no Casarão", contou. Quando chegou, percebeu que o evento era para homenageá-la. Com bom humor, ela ressaltou que, se soubesse, não deixaria que colocassem seu nome no local. "Na hora que eu cheguei, fiquei pensando: 'quem mandou fazer isso?', 'quem deixou?'. Porque não estava mais atuando no meio teatral e não era mais diretora de cultura da cidade", relatou.
Clarice entende que o nome dado ao espaço não passa de uma grande demonstração de carinho. "A pergunta que me fazia era: até quando a sala do meio seria a sala Clarice Jorge?. Sou uma pessoa simples, vivo no espaço e não no tempo", revelou. Com a inauguração do Centro Cultural, em 2015, com uma melhor estrutura, o Espaço do Meio deixou de receber apresentações artísticas.
Modernização
O Casarão do Carmo é uma construção do século XIX. Na década de 1980, ele foi comprado pela prefeitura municipal e, cinco anos depois, foi totalmente restaurado. Hoje, o Casarão oferece o Entremeio Literário e Roda de Choro do Seu Júlio, além de abrigar o Museu Visconde de Mauá e ceder o espaço para oficinas, palestras e cursos.
De acordo com a Secretaria de Cultura, a Pasta arrecadou verba por meio do Programa Município de Interesse Turístico (MIT), para reformar o interior do Casarão e os fundos. O museu passará por uma modernização. A sala das bandeiras receberá um painel audiovisual e a sala Clarice Jorge terá um painel interativo, onde o público poderá escolher entre três temáticas que contam a história da cidade. A entrega das melhorias no Casarão do Carmo está prevista para o final do primeiro semestre de 2020.
*Texto supervisonado pelo editor.