O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama, celebrado no último domingo (19), reforçou em todo o país a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico do câncer mais comum entre as brasileiras, segundo o Ministério da Saúde. A data é referência para a campanha Outubro Rosa que, em Mogi das Cruzes, ganha ainda mais força com a autônoma Roberta Lourdes Duru, 37 anos, e a aposentada Cecilia Miranda de Oliveira, 63, que compartilham suas experiências diante do diagnóstico da doença.
 
Tratamento

Roberta, que hoje atua como confeiteira, recebeu o diagnóstico de câncer de mama em outubro de 2023. “Quando o médico me contou, a sensação foi que eu estava surda, não escutava mais nada. Só vinha na minha cabeça que eu ia morrer. O médico falou assim para mim: ‘Se você tem fé, você não vai’”, lembra.

A força que a ajudou durante o tratamento veio da filha, Hellena Liz Duru Espíndola de Godoy, que na época tinha dois anos e nasceu prematura. “Na época, lá na incubadora, eu a vi dependente de aparelhos e ela foi forte. Eu sempre declarava para ela ser forte e, aí, lembrei disso. Naquele momento do diagnóstico, eu tinha que ser forte e corajosa igual ela foi quando nasceu”, contou.

O tratamento começou em março do ano seguinte. Roberta realizou uma cirurgia, seguida de 33 sessões de quimioterapia. “O que foi mais difícil foi a parte das quimios. Quando tive a primeira, recebi chorando, porque sabia que ia perder o cabelo. Com nove dias, meu cabelo já começou a cair e eu já não me reconhecia. Foi muito dolorido”, relatou.

Durante o tratamento, ela teve o suporte do Grupo de Apoio a Pacientes com Câncer (GPAC) de Mogi. “O GPAC foi essencial. Num momento em que comecei a perder o cabelo, já não conseguia mais me olhar. Mas o pessoal sempre me alegrando, me deixando bem, foi muito importante. O apoio psicológico foi fundamental para não cair em depressão. Continuavam elogiando a minha beleza e a minha força”, afirma.

Para ocupar a mente, Roberta diz que participou também de cursos gratuitos e adotou pequenos cuidados de autoestima, como combinar lenço, brinco e batom. Atualmente, ela segue em acompanhamento a cada três meses e participa de ações de conscientização promovidas pelo GPAC. “A gente pode achar que está recebendo uma sentença de morte e não é bem assim. É normal sentir medo, mas é preciso ter coragem. Minha mensagem para as mulheres é que o autoexame é uma maneira da gente mostrar que a gente se ama. Cuidamos de tudo na nossa vida e acabamos esquecendo da gente. É um ato de amor”, reforçou.

Apoio

Cecilia também passou por um diagnóstico inesperado. Ela percebeu um incômodo na mama esquerda em fevereiro do ano passado. Após exames iniciais no Ambulatório Médico de Especialidades (AME), ela fez biópsia nos meses seguintes que confirmou o câncer. O tratamento contou com cirurgia e radioterapia e segue atualmente de forma contínua com medicamentos. “Foi tudo muito rápido, pela via pública. Fui muito bem atendida”, lembra.

Ela conta que teve apoio de outra entidade atuante na cidade, o Centro de Convivência e Apoio ao Paciente com Câncer (Cecan). “Lá o atendimento foi muito bom. No começo o diagnóstico mexeu muito comigo, mas me indicaram psicólogo, e isso me ajudou a lidar com a situação”, afirma.

A aposentada reforça a importância da prevenção. “Eu nunca consegui fazer exames nesse Outubro Rosa, mas acho de muita importância que as pessoas façam a mamografia. Qualquer sintoma diferente, já procurar o médico. A gente acha que nunca vai acontecer com a gente, eu pelo menos achava”, finaliza

Mamografia

Para reforçar o cuidado preventivo, o Ministério da Saúde ampliou a faixa etária para a realização da mamografia no Sistema Único de Sáude (SUS), principal exame para a detecção do câncer de mama. Com a nova diretriz, o exame está disponível para mulheres a partir dos 40 anos, mesmo na ausência de sintomas.