Alto Tietê - Mais de 130 denúncias contra irregularidades em campanhas eleitorais no Alto Tietê foram feitas por meio do aplicativo "Pardal", do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo dados da Justiça Eleitoral, até ontem (21) foram 132 denúncias.
O sistema foi disponibilizado pela Justiça Eleitoral como uma das ferramentas para garantir a transparência e igualdade de condições durante a disputa pelo voto nas campanhas para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. A plataforma permite que registros possam ser enviados às autoridades para averiguação.
Em todo o Estado de São Paulo, até a tarde de ontem foram registradas 2.473 denúncias contra candidatos e coligações. No Alto Tietê, as denúncias são 132 no total - em toda a eleição de 2018, foram 258 denúncias, cerca de 48% a menos.
A cidade com o maior número de queixas é Itaquaquecetuba, com 33 denúncias, seguida por Santa Isabel com 31, e Poá com 23 ocorrências. Até o fechamento da matéria, o TSE não havia registrado possíveis crimes eleitorais em Biritiba Mirim e Salesópolis.
O aplicativo "Pardal" está disponível online e para smartphones e tablets. Com ele é possível denunciar propaganda eleitoral irregular e irregularidades em outros meios como a internet. O autor poderá acompanhar o andamento do processo pelo próprio aplicativo.
O sistema também orienta os eleitores sobre o que pode e o que não pode sobre adesivos em automóveis, jornais e revistas, distribuição de material gráfico, e o que é proibido no dia da votação.
Cidadania
Para o professor em Ciências Políticas Afonso Pola, o eleitor brasileiro passou a contar com mais instrumentos para fiscalização do processo eleitoral contra práticas antigas e novas, como a disseminação de notícias falsas, tendo como primeiros casos o plebiscito para a separação do Reino Unido da União Europeia em 2016 e as eleições americanas e brasileiras posteriores.
"Infelizmente, isso ainda não acabou. Continuamos vivendo com práticas da sociedade, onde pessoas compartilham notícias falsas. A preocupação da Justiça em criar o app é uma forma das pessoas denunciarem, tendo um envolvimento maior do público", explicou.
Para Pola, o eleitor brasileiro evoluiu em suas convicções desde a redemocratização em 1985. No entanto, segundo ele, o Brasil ainda vive uma democracia frágil que precisa ser fortalecida. "Estamos aprendendo a conviver com algo que não havia antes, que era o compartilhamento de informações pelas redes sociais. Cada um se tornou um canal de TV e uma rádio em si, e o compartilhamento de fake news contamina a eleição e o comportamento do eleitor", ressaltou.
Pola acredita que as denúncias devem se intensificar à medida em que as ocorrências aumentem por parte dos candidatos e apoiadores, e vê que o cenário poderá se acirrar. "Cabe a todos nós esperar, rezar e votar com consciência", concluiu.