Mogi - Empresários, lideranças de bairros, representantes de entidades da sociedade civil e da classe política da cidade e da região participaram ontem do lançamento do Projeto Mogi 500 anos que tem como objetivo planejar a cidade até 2060. A iniciativa, encabeçada pelo secretário municipal de Planejamento e Gestão Estratégica, Lucas Porto, parte de uma realidade desafiadora da cidade, como ele destacou na abertura do evento realizado no Cemforpe, que também contou com apresentações de congada, taikô, hip hop, balé e a presença dos festeiros e capitães-de-mastro da Festa do Divino Espírito Santo, ressaltando a diversidade e as diferentes manifestações culturais da cidade.

Um dos dados apresentados pelo secretário revelou que 8.782 famílias da cidade vivem em extrema pobreza, com uma renda mensal em torno de R$ 89, levando em conta o número de pessoa. Ele afirmou que pode se concluir que 10% dos mogianos estejam nessa situação. A cidade também tem um déficit de quatro mil vagas em creches.

A proposta, segundo o secretário, é deixar de ser refém dos problemas cotidianos, e olhar a cidade a longo prazo, além dos ciclos políticos. A partir da análise histórica na ótica urbanística, o Mogi 500 Anos visa, de acordo com ele, unir esforços da sociedade em parceria com o poder público, reunindo os saberes estabelecidos sobre as cidades de forma geral, sobre Mogi mais especificamente e a participação popular.

Fundamentado em boas práticas, o projeto tem como consultor Guilherme Cavalcanti, economista e consultor do Plano Recife 500 Anos. No evento de ontem, ele comandou um painel com a participação de Marcos Magalhães, fundador do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE), que ressaltou a importância da educação e deve atuar também na consultoria para formação de políticas públicas no setor em Mogi, e também o arquiteto e urbanista Ciro Pirondi, formado pela Universidade Braz Cubas, mora em Mogi e é diretor geral da Escola da Cidade.

No lançamento, houve ainda homenagens para famílias tradicionais da cidade: Mori, fundadores do Hospital Ipiranga; Borenstein, responsáveis pela Helbor; Shibata, da rede de supermercados; Simões, da holding SIMPAR; Horii, destaque na área de mineração e hotelaria; Alabarce, também do setor de supermercados; Bezerra de Melo, fundadores da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC); Saada, na área de móvei; Da San Biagio, do Grupo Diário; Yamamoto, representando os produtores rurais da cidade, e Costa, referência à família do ex-prefeito Waldemar Costa Filho, que governou a cidade por quatro mandatos, com destaque para a construção das rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga.

O prefeito de Mogi, Caio Cunha (Pode), e a vice-prefeita Priscila Yamagami (Pode) encerram o evento. Cunha ressaltou a importância da classe política para o sucesso do projeto, e no final chamou ao palco os vereadores presentes, incluindo o presidente do Legislativo, Marcos Furlan (Pode); o deputado federal Marco Bertaiolli (PSD); o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PL); e Waldemar Costa Neto, presidente do PL, e os convidou a se comprometerem com a iniciativa.

Cunha destacou que não tem dúvida que se tiver um envolvimento da sociedade civil, da iniciativa privada e principalmente dos players políticos da cidade, o projeto pode se transformar no legado de sua gestão. A participação da sociedade, segundo ele, já vem ocorrendo com a realização desde o ano passado do Participa Mogi, que já teria alcançado 50 bairros, ouvindo as demandas locais. "Entra prefeito e sai prefeito, sempre todo mundo está disposto a resolver problemas, e resolver problemas é importante, mas a gente precisa resolver problemas e planejar a cidade para que os mesmos problemas não voltem a acontecer", destacou. 

Para a vice-prefeita, a ideia é que a iniciativa perdure para os próximos governos, indo além dos ciclos políticos, e que todos assumam o compromisso de construir juntos. "A gente tira literalmente o poder da mão do governo e coloca o poder na mão das pessoas, para que independentemente de ciclo político, grupo político, as pessoas pautem o que elas querem para a cidade que elas vivem, isso é incrível", ressaltou.  

O presidente do Legislativo mogiano elogiou a iniciativa. "A proposta é muito boa, pensando no planejamento, nas pessoas, na cidade. Um planejamento que a gente espera que seja ao longo do tempo executado, mas mais do que isso é a possibilidade da população participar via redes sociais, via site, e também com certeza virão audiências públicas para que a população participe e opine, e realmente esteja presente", salientou. 

Saiba mais sobre o projeto e participe pelo link https://pravoce.mogidascruzes.sp.gov.br/mogi-500-anos/

Hidrourbanismo

O arquiteto e urbanista Ciro Pirondi, que participou do painel no evento de lançamento do projeto Mogi 500 Anos, destacou a água como o bem primário mais valioso atualmente e apresentou um projeto de hidrourbanismo para a cidade, propondo uma ligação entre a Serra do Itapeti e a Serra do Mar, utilizando o Rio Tietê, que poderia ser uma nova rota para o comércio. O prazo para execução seria de 16 anos.

Para o arquiteto, Mogi, assim como outras localidades latino-americanas, vive uma rota de colisão com a natureza, e que é possível manter uma relação harmônica entre a cidade e a natureza, sem interromper o crescimento.

O prefeito Caio Cunha afirmou que o projeto do arquiteto é viável, é deve ser iniciado nos últimos anos de mandato: “Não é um negócio caro, nem que atrapalhe o fluxo da cidade, ele pode ir acontecendo, e é uma necessidade a partir do momento que a gente entende que o maior valor hoje da nossa cidade são as pessoas e também a nossa natureza”.