A Polícia Militar (PM) de Itaquaquecetuba foi acionada no final de semana passado para atendimento de uma tentativa de suicídio. Um jovem teria atravessado a grade de proteção de uma ponte da linha férrea e estava prestes a cometer suicídio próximo a avenida Emancipação. Os policiais conseguiram convencer o homem a retornar para a área de segurança e, em seguida, ele foi encaminhado para um hospital. Mas, nem todos os casos terminam assim. Nos últimos 10 anos, o Brasil registrou um aumento de 43% no número de suicídios. É o que revela o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, no ano passado. Somente neste ano, 275.087 pessoas tiraram a própria vida.

O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, de acordo com a psicóloga Rosana Silva. Ela afirmou que se trata de um fenômeno muito complexo e multicausal que traz um grande impacto tanto na vida do suicida quanto no coletivo. “O suicídio afeta indivíduos de diferentes origens, sexo, cultura, classe social e idade. Os fatores sociais também implicam no acometimento do suicídio. No publico jovem, o bullying e a falta de rede de apoio social, quando deficitária, também pode conduzir para o suicídio. Nos adultos, o desemprego, por exemplo. O problema passa pela questão econômica e política do indivíduo e também pode ser um fator determinante”, disse.

Segundo a psicóloga, que tem mais de 10 anos de experiência na área, o fenômeno do suicídio é cultural passando por problemas psicológicos, psicopatológicos e também biológicos. “Embora a complexidade do suicídio pode ser prevenida, com intervenções tanto individuais quanto coletivas ainda há muita dificuldade para colocar isso em prática. Para uma efetiva prevenção, as respostas nacionais necessitam de uma ampla estratégia multissetorial”, destacou.

Rosana salientou que é de suma importância cuidar da saúde metal. “É possível observar o aumento do quadro de muitos transtornos mentais, mas ainda subnotificado. Existem muitas pessoas que não relatam os problemas para terceiros achando que conseguem dar conta por ser uma questão individual”. A especialista explicou que a saúde mental ainda é um tabu para muitos e que existe uma dificuldade muito grande das pessoas reconhecerem o problema e então procurar por ajuda.

Para quem precisa de ajuda, há o Centro de Valorização da Vida (CVV), um serviço gratuito, realizado por voluntários que oferecem apoio emocional e trabalham a prevenção do suicídio. O CVV não substitui o atendimento psiquiátrico ou psicológico, mas visa oferecer um espaço no qual a pessoa se sinta segura para conversar sobre qualquer assunto de maneira sigilosa, sem críticas ou aconselhamento. Mais informações podem ser obtidas por meio do site https://www.cvv.org.br/.