O governo do Estado decretou ontem toque de restrição entre 23h e 5h a partir de amanhã para reduzir a circulação de pessoas no Alto Tietê e em todo o Estado. A medida deverá ser mantida até o dia 14 de março. Na prática, o objetivo da mudança é intensificar a fiscalização noturna para evitar aglomerações e festas clandestinas em um momento em que o Estado bate recordes de internações em razão do coronavírus (Covid-19).
"Nós não estamos decretando um lockdown nem toque de recolher, trata-se de um toque de restrições", explicou o governador João Doria (PSDB), na tarde de ontem, durante a entrevista coletiva em que divulgou as mudanças. De acordo com o chefe do Estado, a diferença entre um termo e outro consiste na aplicabilidade das regras. No lockdown ou toque de recolher, o funcionamento de nenhum estabelecimento, nem mesmo os essenciais, é permitido, o transporte público e privado também são vetados sob essas condições.
Já no toque de restrição, alguns serviços como supermercados, farmácias, postos de gasolina, dentre outros, continuarão funcionando. Os trabalhadores que, em razão de sua profissão, forem flagrados circulando dentro do horário de restrições também não serão penalizados, desde que justifiquem o motivo do deslocamento. O foco da alteração extraordinária é o combate das aglomerações e festas clandestinas, segundo o governo paulista.
A mudança, inédita dentro do Plano São Paulo, vem na mesma semana em que o Estado marcou recordes de internações de pacientes contaminados. Só na segunda-feira passada foram 1.667 novas internações, o registro mais alto desde o início da pandemia.
Na prática, o toque de restrição mudará pouca coisa uma vez que as atuais restrições do Plano SP já impedem o funcionamento de estabelecimentos considerados não essenciais após às 22 horas. Essa também não é a primeira vez que o governo do Estado tenta endurecer os protocolos de segurança durante o período noturno.
Ainda em janeiro deste ano, durante algumas semanas, a estratégia de combate ao vírus aplicou uma transição diária de fases. Durante o dia algumas regiões se encontravam na fase laranja do Plano SP e pela noite eram automaticamente reclassificadas para a fase vermelha, a mais restritiva do plano.
Dessa vez, segundo o Estado, o diferencial será percebido pelo enrijecimento da fiscalização focada nas aglomerações noturnas. Ainda na coletiva de imprensa, o governador apelou para que população colabore denunciando as ocorrências envolvendo festas clandestinas e outras reuniões ilegais.
*Texto supervisionado pelo editor.
