As aulas presenciais em Mogi das Cruzes foram suspensas até o final deste ano para tentar evitar a chegada de uma segunda onda de contágio do novo coronavírus. A medida, anunciada na manhã de ontem pela Prefeitura, vale para os ensinos infantil, fundamental e médio, da rede pública e privada. A programação da Secretaria Municipal de Educação é que as aulas retornem presencialmente somente em fevereiro de 2021. Em janeiro, haverá o recesso escolar.
O decreto, determinando a suspensão do ano letivo em 2020, foi assinado ontem pelo prefeito Marcus Melo (PSDB). As atividades escolares estão suspensas desde o final de março, como medida para controle da pandemia do coronavírus.
Os argumentos que embasaram a decisão tomada pela administração municipal, junto aos Comitês de Covid-19 e Gestor de Retomada Gradativa das Atividades Econômicas, destacam o temor da segunda onda da pandemia da Covid-19, que avança na Europa (veja mais ao lado); além do recente aumento na quantidade de pacientes que necessitam de atendimento e internações no município; a testagem realizada entre 21 e 25 de setembro, que evidenciou um baixo público de crianças e profissionais da rede de educação que tiveram contato com o vírus; a recomendação do Ministério Público (MP) pela suspensão das aulas em 2020; e a pesquisa realizada com pais e responsáveis sobre o retorno das aulas neste ano, em resultado que evidenciou o descontentamento e insegurança da população com tal possibilidade, já que a grande maioria dos pais é contra o retorno presencial das aulas neste ano.
O encontro realizado ontem no auditório do prédio-sede da Prefeitura de Mogi das Cruzes contou com a presença do prefeito Marcus Melo (PSDB), do vice-prefeito e presidente do comitê responsável pela retomada gradual das atividades, Juliano Abe (MDB), e dos secretários municipais de Educação e Saúde, Juliana Guedes e Henrique Naufel, respectivamente.
Os representantes do Executivo foram unânimes ao expressar o temor pela segunda onda de casos da Covid-19 que ocorre atualmente na Europa. O secretário municipal de Saúde citou países europeus que tiveram que decretar lockdown devido ao avanço da pandemia e disse que os efeitos sentidos no Velho Continente demoram, em média, dois meses para chegarem ao Brasil. "Até agora, durante a pandemia, vimos que toda trajetória do vírus na Europa tem reflexo no Brasil, poucos meses depois. Seria pouco prudente da nossa parte não nos prevenir", explicou Naufel, temeroso com a quase inevitável segunda onda da pandemia no Brasil.
Outro ponto analisado pela administração municipal para decretar a suspensão das atividades presenciais foi o custo que a retomada das aulas neste momento acarretaria aos cofres públicos. Isso porque, uma pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Educação deu conta de que, dos 2.962 servidores da Pasta, 757 possuíam comorbidades, sendo 319 professores. Para a substituição do quadro dentro das salas de aulas seriam gastos mensalmente R$ 1.970.104,30, valor inviável na avaliação da secretária Juliana.
"Do ponto de vista orçamentário, isso se tornaria impraticável. Mas, o mais relevante, é a perda pedagógica por conta da troca de professor", explicou a secretária de Educação, informando ainda que não haverá reprovação de alunos neste ano, com exceção daqueles alunos que não acessaram as aulas online.
Por fim, diferentemente do que ocorreu em alguns municípios paulistas, incluindo São Paulo, onde as aulas presenciais para o ensino médio retornaram nessa semana, o prefeito Marcus Melo anunciou a suspensão das aulas, reunindo os diversos argumentos favoráveis à decisão. "Com esse planejamento que foi feito (veja mais abaixo) para recompor a Educação dos nossos alunos, nós não estaremos retornando às aulas ao longo de 2020 na cidade de Mogi", informou o prefeito.