Dois fatores podem tornar as eleições à Prefeitura de Mogi das Cruzes mais equilibradas neste ano. Com mais que o dobro de candidatos concorrendo ao cargo de prefeito em relação ao último pleito, em 2016; e a pandemia da Covid-19, que deverá aumentar a abstenção ao voto; o resultado nas urnas pode ser afetado e a chance da cidade encarar um segundo turno - o que não ocorre desde o ano 2000, na disputa entre Junji Abe e Chico Bezerra -, torna-se real.
Em 2016, quando Marcus Melo (PSDB) foi eleito, apenas três candidatos concorriam ao cargo mais alto do Executivo mogiano (inclui o médico Luiz Carlos Gondim e Miguel Bombeiro). Desta vez, sete políticos estão na disputa, incluindo o atual prefeito.
"Em todas as eleições com quantidade elevada de candidatos, assim como ocorre atualmente em Mogi, aumentam-se as chances do resultado sair apenas no segundo turno", avalia o sociólogo e professor Afonso Pola. Para o especialista, neste cenário ocorre uma divisão de votos tidos como certos para políticos à frente nas intenções do eleitor e cresce a possibilidade de dois ou mais candidatos passarem dos 10% dos votos - o que para ele, representa grandes chances da disputa ser levada para o segundo turno.
"Caso tenha um segundo turno, Marcus Melo (PSDB) com certeza estará nele, restando saber quem está apto para concorrer com ele. Vejo três potenciais candidatos para superar os 10%: Felipe Lintz (PRTB), Caio Cunha (Podemos) e Rodrigo Valverde (PT)", comentou o professor.
Desde as eleições de 2004 não haviam tantos candidatos concorrendo à Prefeitura. Na oportunidade também sete concorrentes disputaram o pleito e o vencedor foi o ex-prefeito Junji Abe, há época no PSDB.
Além da quantidade elevada de prefeituráveis, a pandemia da Covid-19 também pode interferir diretamente nas eleições, uma vez que ela limitou as campanhas presenciais e, principalmente, pode fazer com que pessoas do grupo de risco não saiam de casa para votar. Com isso, segundo o professor, candidatos que possuem sua base eleitoral em um público mais conservador, ou mesmo de faixa etária mais elevada, podem perder alguns votos. "Mesmo assim, acredito que não vai surtir um resultado muito grande no resultado final dos votos", ponderou o sociólogo Pola.
Segundo o especialista, "o percentual de abstenção vai ser superior ao registrado em 2016". Isso porque, em sua visão, a pandemia da Covid-19 intimida determinados grupos de eleitores a sair de casa para votar; e os recentes acontecimentos envolvendo vereadores denunciados pelo Ministério Público por corrupção aumenta o constrangimento do eleitor. "Ainda não existe o andamento do processo, nem resultado contra os vereadores, mas é fato que isso afeta o humor do eleitorado que se sente constrangido, aumentando a abstenção e os votos brancos e nulos", explicou.
Campanha online
Evidenciando que o horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio "perdeu importância" ao longo do tempo, o sociólogo Pola projeta uma campanha "basicamente pelas redes sociais". Com a popularização da TV a cabo, onde o horário eleitoral não é transmitido, as pessoas deixam de acompanhar os canais abertos durante a propaganda eleitoral e optam por outros canais. "Estamos falando de uma campanha basicamente pelas redes, primeiro pela popularização da internet e depois por esse momento de pandemia que vivemos", explicou. "As redes assumiram o papel de protagonismo muito grande nesta campanha, ainda maior do que em 2018, quando elas já possuíam essa força", concluiu o sociólogo.