Com o adiamento das eleições municipais deste ano determinado pela Câmara dos Deputados e aprovado na última quarta-feira, foi dada a relargada da corrida pelas vagas de prefeito e vereadores nos municípios. A pandemia do coronavírus e todas as dificuldades provocadas desde então interromperam um processo que vinha transcorrendo dentro da normalidade do calendário definido pela Justiça Eleitoral.
Em Mogi das Cruzes, a alteração pode representar bem mais do que simplesmente a mudança da data em que o eleitor irá às urnas. Com tempo maior para definição de estratégias, o conturbado cenário eleitoral pode começar, a partir de agora, a ser clareado para a população.
A maioria dos principais políticos mogianos foi favorável ao adiamento do pleito. O prefeito Marcus Melo (PSDB), candidato natural à reeleição, disse que não esperava outra decisão neste cenário de pandemia. "A decisão seguiu critérios científicos, que apontam uma desaceleração dos casos da Covid-19 a partir de setembro. O adiamento das eleições municipais é uma medida sensata, uma vez que a saúde da população é prioridade e deve ser colocada sempre em primeiro lugar. Foi uma medida correta", concluiu.
No mesmo sentido, o deputado federal Marco Bertaiolli (PSD), uma das principais lideranças da região, votou sim à proposta de emenda à Constituição Federal. O político afirmou que este não é o momento de se pensar em campanha eleitoral, mas sim, de trabalhar para cuidar da vida das pessoas. "2020 é um ano atípico e ainda ninguém sabe direito como ficará a situação da Saúde daqui para frente", resumiu o ex-prefeito.
Já o deputado federal Marcio Alvino (PL) votou contra o adiamento e preferia que a disputa das eleições ocorresse na data habitual, em outubro.
O vereador Mauro Araújo (MDB), o presidente da Câmara Municipal, Sadao Sakai (PL), e os parlamentares que postulam a cargo de prefeito - Caio Cunha (Podemos) e Rodrigo Valverde (PT) -, também julgaram como positivo o adiamento do calendário eleitoral. "Penso que nós estamos vivendo um momento complicado de pandemia e seria muito arriscado manter as eleições para outubro", opinou Araújo. "Mas, as negociações políticas já estavam em andamento e assim continuam. Em Mogi, ainda temos muitas incertezas e os principais partidos buscam aliados. Com a prorrogação das eleições para novembro, ganhamos mais tempo", concluiu.
Para o petista Valverde, o adiamento foi necessário, mas atrapalha a organização da campanha política perante ao que foi determinado inicialmente. "Para a população é totalmente positivo, mas, para o meu planejamento pessoal foi horrível. A gente trabalha com ações e prazos estabelecidos", lamentou.
O pré-candidato Caio Cunha disse que não acredita em interferência no resultado das eleições devido ao adiamento para novembro. "A eleição é uma consequência do trabalho. Para quem está trabalhando há um bom tempo, 40 dias não fará diferença".
O presidente da Câmara, Sadao Sakai, disse que a mudança da data se justifica pela realização das eleições em um período mais favorável. "Com o pleito sendo disputado mais para o final do ano, talvez a pandemia já apresente um declínio, o que tornará mais fácil a realização dos trabalhos e eventos vinculados à eleição".