Os policiais militares que estavam em Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada em que nove jovens morreram em um baile funk, em dezembro do ano passado, começaram a ser ouvidos pela Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil no último dia 6.
Dois dos nove mortos no tumulto durante a ação da Polícia Militar no baile funk eram de Mogi das Cruzes. De acordo com as investigações, os jovens Gabriel Rogério de Moraes, de 20 anos, e Bruno Gabriel dos Santos, 22, foram pisoteadas durante a madrugada de 1º de dezembro, na confusão entre a Polícia Militar e moradores da comunidade.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SPP) informou que o inquérito segue em andamento pela Divisão de Homicídios do DHPP e que oito policiais militares envolvidos na ação já prestaram depoimento e outros serão ouvidos nos próximos dias.
Para tentar esclarecer a atuação dos PMs durante a madrugada, os responsáveis pela investigação recriaram a comunidade com imagens tridimensionais, virtualmente, para verificar a posição de dos policiais envolvidos na ação.
No dia em que as oitivas na Policia Civil, os delegados ouviram uma tenente que comandava parte das equipes em serviço e outros dois policiais que trabalharam na ação.
A todos os 31 policiais que participaram da ação será feita o mesmo questionamento: em que local cada um estava quando ocorreram o tumulto e as mortes.
Em fevereiro passado, a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo concluiu o inquérito referente à conduta dos policiais envolvidos na ação. Na oportunidade, a corregedoria decidiu pelo arquivamento da investigação, alegando que os policiais agiram de forma lícita, e em legítima defesa. Ainda de acordo com o inquérito, assinado pelo encarregado capitão Rafael Oliveira Cazella, os policiais envolvidos na ação sequer praticaram alguma infração militar.
Um dia após o caso, a Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo solicitou que os policiais militares envolvidos na ocorrência fossem afastados do serviço operacional das ruas. O pedido foi feito em ofício encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar. Dias depois, reportagem veiculada no Mogi News mostrou que o arquivamento do processo gerou revolta em familiares e amigos dos jovens que morreram, incluindo dois mogianos.