A preocupação com as fake news em âmbito eleitoral tem gerado discussões sobre o tema. Com a popularização das redes sociais e a utilização dessa ferramenta como um meio para fazer propaganda política, a prática de disseminar notícias falsas para fins eleitorais acabou se tornando comum.
No Alto Tietê, o primeiro caso deste tipo já foi registrado. O pré-candidato a prefeito de Itaquaquecetuba, o delegado Eduardo Boigues (PP), apresentou uma representação contra o ex-prefeito, Armando Tavares Filho (Avante), o Armando da Farmácia, após ele divulgar um vídeo em que o Boigues era rotulado como corrupto. O conteúdo tentou associar Boigues a facções criminosas, questionando se o pré-candidato estaria deixando de prender criminosos enquanto delegado por associação com criminosos. Armando foi condenado em 1ª instância a pagar
R$ 5 mil ao progressista.
"Me senti muito entristecido e constrangido. Tenho familiares nas redes sociais. Tratar uma pessoa da forma que fui tratado, por fins políticos, é uma grande covardia e um verdadeiro crime", disse Boigues. "Seis vídeos com informações mentirosas foram produzidos e compartilhados por uma organização de pessoas criminosas que tem o intuito de deturpar minha imagem", completou o pré-candidato, afirmando ainda que a Justiça já começou a "desmantelar este esquema criminoso".
A prática de produzir ou compartilhar notícias falsas acabou sendo criminalizada no ano passado, fazendo com que o candidato culpado pelo ato seja preso ou tenha a candidatura suspensa por espalhar informações inverídicas sobre os adversários.
O delegado disse que uma parte da população itaquaquecetubense é carente financeira e culturalmente e que essas pessoas compartilharam a informação mesmo sem saber se é verdadeira. "Quem produz e compartilha as fake news intencionalmente está à merce da aplicação da lei penal", resumiu.
O advogado que cuidou do caso, Leandro Freire, espera que esse caso sirva de exemplo. "Ninguém pretende tirar a liberdade de ninguém, mas que não seja feito por mentiras, de fatos sabidamente inverídicos. A opinião sobre um candidato tem que ser respeitada, mas acima de tudo, verdadeira", afirmou.
Questionado, Armando contou que irá recorrer à representação, apontando que o vídeo não foi feito por ele, mas que acabou compartilhando o conteúdo, que chegou ao conhecimento do delegado. "Eu nem sei mexer direito no celular, eu não teria capacidade de fazer um vídeo como este".