Forçados a trabalhar em casa por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os moradores de Mogi das Cruzes estão pagando mais impostos dentro do município do que fora dele, isso levando-se em conta que boa parte dos habitantes mogianos trabalha na capital paulista. Somente em Mogi, que é a cidade mais populosa do Alto Tietê, o crescimento no pagamento de impostos foi de 38,7%, segundo os dados do Painel Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo.
Em quase todo o primeiro semestre do ano passado, até 17 de junho, foram pagos R$ 197 milhões em taxas e tributos e, no mesmo período deste ano, o número subiu para R$ 258 milhões. Em Suzano, a quantidade foi elevada em 41%, passando de R$ 97 milhões em 2019, para R$ 137 milhões neste ano. Ainda de acordo com o Impostômetro, o G5 da região pagou no primeiro semestre deste ano 33,8% a mais de impostos em relação ao mesmo período do ano passado.
Para o professor de Ciências Contábeis da Faculdade Piaget e especializado em economia, José Marcos de Oliveira, com o trabalho remoto as pessoas têm mais gastos com contas domésticas e acabam pagando mais impostos em algumas regiões. Em 2019, do dia 1º de janeiro ao dia 17 de junho, os moradores de Mogi, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Suzano e Poá efetuaram o pagamento de R$ 493 milhões em impostos municipais, estaduais e federais.
Neste ano, no mesmo período, foram arrecadados pelos entes da federação o total de R$ 660 milhões. "Os setores digital e agropecuário cresceram muito durante a pandemia. O trabalho remoto resulta em contas de água, luz e energia mais altas. A custo mensal com alimentos também tende a crescer", explicou o profissional.
Itaquá seguiu no mesmo ritmo das outras cidades, já que pagou 71% a mais de impostos no primeiro semestre deste ano, em um comparativo com o mesmo período de 2019. No primeiro semestre do ano passado a quantia total de pagamentos foi de R$ 71 milhões, passando para R$ 122 neste ano. Em Poá, o aumento foi de 28,8%, considerando que
R$ 90 milhões de impostos foram pagos do dia 1º de janeiro do ano passado até o dia 15 de junho e, neste ano, a quantia chegou a
R$ 116 milhões.
Por fim, Ferraz obteve um acréscimo de 23,3% nos pagamentos dos impostos. Isso porque, do dia 1º de janeiro de 2019 a prefeitura, os governos federal e estadual receberam R$ 21 milhões, e no primeiro semestre deste ano a quantia chegou a
R$ 26 milhões.
"O auxílio emergencial foi implantado como uma boa forma de ajudar a economia brasileira, já que com a verba as pessoas podem gastar mais e pagar suas contas em dia. Tudo isso faz com que a economia continue girando", acrescentou o professor Oliveira. Na capital ocorre o contrário, já que o setor turístico deixou de lucrar em sua totalidade pelo fechamento de locais culturais e a proibição de shows, por exemplo.
Com a retomada gradual do comércio na região, que iniciou na sexta-feira passada com a flexibilização da quarentena, a economia deverá se estabilizar também de forma gradativa.
*Texto supervisionado pelo editor.