Jornadas cansativas, trabalho intensivo na proteção e cuidado dos pacientes, enorme quantidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) utilizados durante o tratamento dos infectados e a pressão psicológica do coronavírus estão presentes no dia a dia de auxiliares, técnicos e enfermeiros.
Estes profissionais enfrentam o inimigo de perto. Segundo a auxiliar técnica de enfermagem da Santa Casa de Mogi, Patricia Siqueira dos Santos, de 44 anos, o emocional é o fator que a todo momento está sendo testado. "É uma situação triste ver os pacientes daquela forma, ainda mais sem poder ver a família num momento tão complicado", disse.
Para Patrícia, o momento mais tenso que ela presenciou foi a morte do socorrista Cícero Romão de Souza, seu colega de trabalho. Segundo ela, isso acabou agravando o temor pela exposição ao vírus. "Eu volto para casa pensando no vírus e trabalho pensando no vírus, não tem como descansar sem se preocupar com uma contaminação", contou.
Uma profissional do Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC), que não quis se identificar, explicou que já teve diversas recaídas emocionais durante a pandemia, por causa da extensa jornada de trabalho. "Não consigo dormir direito mais, têm dias que eu acordo chorando só de pensar no meu plantão e na minha família, que pode ser exposta ao vírus, por qualquer descuido meu", alertou.
O diretor do Sindicato dos Enfermeiros de São Paulo, Rodrigo Romão, apontou a falta de moradias disponíveis aos profissionais da Saúde, que querem preservar os familiares. Segundo ele, o sindicato vai protocolar um documento pedindo à Prefeitura de Mogi que garanta moradias provisórias aos profissionais durante a pandemia. (N.T.)