Praticamente todas as cidades do Alto Tietê estão com algum tipo de divergência com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) em relação às despesas relacionadas com o combate ao coronavírus. Alguns municípios enfrentam, inclusive, questionamentos por parte das Câmaras Municipais sob suspeita de gastos indevidos e até acusações de desvio de verbas. Outras, sequer apresentaram documentos sobre os valores pagos a terceiros, como Arujá, Biritiba Mirim e Poá. Mogi das Cruzes, Suzano e Ferraz de Vasconcelos também têm de justificar o dinheiro empregado na instalação de hospitais de campanha, construídos a toque de caixa, devido às urgências do momento, e que não tiveram, por amparo na legislação, necessidade de licitação regular, o que demanda tempo, estudos e burocracia.
Alguns municípios com melhor estrutura operacional utilizam de portais de transparência em seus sites oficiais para prestar contas com a população, porém, muitas vezes, esse tipo de esclarecimento acaba funcionando no sentido inverso. Utilizando termos técnicos e formas de divulgação muitas vezes dúbias, são aberturas para ações populares e questionamentos sobre legalidade e utilidade de compras de materiais e prestação de serviços. Há portais que pecam pela objetividade na divulgação de despesas e, por isso, deixam margem à interpretações equivocadas, quase sempre avaliadas como irregulares com base no senso comum. Aos olhos de especialistas, os balanços apresentados atendem as exigências da lei.
No momento delicado pelo qual passa o país, quem vem repetindo seguidamente a liderança mundial no número de mortes em 24 horas, é até compreensível o desespero das cidades em subvencionar hospitais e municiar equipes de atendimento para tentar fugir da triste estatística dos óbitos. Isso não significa, porém, que não há necessidade de um planejamento bem elaborado e rigoroso no controle das despesas. As prefeituras devem ficar atentas na utilização correta de verbas estaduais e federais para que não tenham, no futuro, ter de dar explicações na esfera da Justiça.
