O anúncio das diretrizes do "Plano São Paulo de Retomada Consciente", realizado pelo governo do Estado de São Paulo na última quarta-feira, repercutiu intensamente na classe política, principalmente pela manutenção de todas as medidas restritivas aos municípios do Alto Tietê. Entretanto, o tema também foi assunto para os especialistas em Saúde.
O secretário municipal de Saúde de Mogi das Cruzes, Henrique Naufel, criticou a falta de coerência da divisão de municípios liberados para iniciar determinadas atividades consideradas não essenciais durante a pandemia do novo coronavírus e alertou sobre os riscos de afrouxar as medidas de prevenção neste momento.
"Acredito que a própria população é consciente e tem o receio de abandonar a quarentena por completo. A retomada de algumas atividades comerciais deverá correr de forma muita segura, para que não tenhamos uma "segunda onda" da Covid-19 ainda mais forte. O distanciamento social continua sendo a solução mais inteligente para combater esse vírus e é preciso cautela neste momento. Se o número de casos extrapolar, a gente vai acabar perdendo o controle do que pode acontecer e a situação ainda pode piorar muito," enfatizou o médico e secretário Naufel, que vem acompanhando a "falta de coerência" - termo utilizado pelo prefeito Marcus Melo (PSDB) - em relação à não flexibilização do comércio no Alto Tietê. "Tenho certeza de que essa revisão no planejamento do governo do Estado será bem feita e que teremos a abertura gradativa e consciente do comércio em Mogi e região. Não há porque Mogi das Cruzes continuar com restrição total e a capital paulista passar por uma flexibilização. Ou mantém a quarentena como está, em Mogi e São Paulo, ou flexibiliza nos dois municípios. Até porque, o índice de ocupação de leitos, proporcionalmente, é muito parecido nas duas regiões".
Em relação a Mogi das Cruzes, a situação ainda é preocupante. O médico responsável pela Pasta municipal projetou que as próximas duas ou três semanas necessitarão de mais atenção do sistema de Saúde e da população, quando, segundo ele, será o período mais preocupante da pandemia no município. "Enfrentaremos um momento muito delicado e que requer cuidado redobrado nesses próximos 20 dias, pois será o período em que devem aumentar o número de casos e mortes em relação ao coronavírus", alertou.
Questionado se a liberação para determinadas atividades seria justificável neste momento no município, faltando menos de um mês para o inverno, Naufel preferiu solicitar mais atenção com a época mais fria do ano que vai se iniciar, que, segundo ele, requer mais cuidados. O médico afirmou que o receio de uma segunda onda existe e precisa ser considerada.
Possíveis cenários
Na avaliação do secretário Naufel, mesmo no melhor cenário projetado para o futuro ainda são esperada dezenas de mortes em decorrência do novo coronavírus em Mogi das Cruzes, podendo chegar até 135 óbitos no município. Entretanto, o número é bem inferior quando comparado com o pior cenário projetado pela Pasta, o qual 400 pessoas poderiam morrer se as medidas adotadas pela administração não forem praticadas.