As escolas particulares do Alto Tietê sentiram considerável aumento na inadimplência no pagamento das mensalidades durante o período de pandemia do novo coronavírus. As instituições de ensino ouvidas pela reportagem afirmam estar tratando individualmente a negociação das mensalidades, alegando não ser possível a redução dos vencimentos, uma vez que as aulas continuam por plataformas online e que não houve alterações na folha de pagamento dos funcionários.
O Procon de São Paulo promoveu nesta semana um acordo com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado, que estabelece diretrizes para negociações com as instituições de ensino Infantil, Fundamental e Médio durante a pandemia. Ficaram determinadas as necessidades de agilidade nas discussões com os pais e responsáveis dos alunos e a possibilidade de maior número de parcelas ou desconto.
"Normalmente, a escola trabalha com inadimplência de 15%, hoje estamos em 40%. Situação bem diferente da usual. Desde 18 de março abrimos um canal do setor Financeiro com os pais para a negociação", disse Pablo Monteiro, mantenedor do Colégio Marechal Rondon de Mogi das Cruzes.
Assim também entende o responsável pelo Colégio Gênesis, de Mogi das Cruzes, Wesley de Paula. Com a inadimplência em 38%, Wesley de Paula informou que a folha de pagamento não sofreu alterações e que as aulas foram convertidas para plataformas digitais. O representante do colégio ainda alegou que, caso concedesse desconto de 20% para todos os pagadores, a escola teria que fechar as portas e, por isso, analisando casos individualmente, a unidade tem procurado diluir as parcelas em aberto nos meses seguintes de cobrança. "Uma mãe me falou que iria colocar o filho dela em escola estadual e que depois voltaria para o colégio. Inadmissível", lamentou o responsável da instituição de ensino.
Um colégio de Ensino Infantil de Guararema também se manifestou. Mesmo sem querer se identificar, a coordenação disse que sente os reflexos financeiros da pandemia. A responsável pela instituição afirmou que a inadimplência está em 7%, porcentagem maior do que o habitual. "Eu não estou negando descontos, mas se vier perguntar, eu afirmou que a mensalidade continua a mesma. Em alguns casos atípicos, como de comerciantes, por exemplo, a gente faz um desconto", afirmou.
Sem previsão
Monteiro, responsável pelo Colégio Marechal Rondon, fez críticas ao Procon no que tange à necessidade exposta pelo órgão para que os colégios apresentem um plano de reposição de aulas. Segundo ele, não há uma previsão de quando as escolas terão liberação para o retorno. "Isso tem que ser uma discussão futura", concluiu.