O designer e programador Luiz Carlos dos Santos Dias, morador do distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes, contou que, mesmo com um vírus que ronda o mundo e mata milhares de pessoas por dia, seus vizinhos não deixaram de fazer festas e reuniões. "Nas ruas, há pessoas de todas idades reunidas, jogando bola ou empinando pipas. Pouca coisa mudou. Muitos não estão respeitando a quarentena e agem como se estivessem de férias", disse.
O mesmo afirmou a moradora do bairro Jardim Marcelo, em Itaquaquecetuba, Tatiane Anjos da Silva. Ela se queixou também da distância entre os comércios e as residências. "Aqui não temos mercados ou farmácias perto de casa e isso dificulta o distanciamento social de algumas pessoas, que não possuem carro para se locomover e precisam andar muito ou pegar ônibus, se expondo ainda mais ao vírus", lamentou.
As complicações com a estrutura inadequada para o trabalho home office também são recorrentes nas comunidades. Até há poucos dias, a analista de Recursos Humanos, moradora de Itaquá, Denise Barbosa da Silva, precisava dividir o notebook com outros dois irmãos. "Embora tenhamos conseguido comprar outro computador, agora enfrentamos dificuldades com a nossa internet, que é péssima. São cinco pessoas utilizando o mesmo sinal ao mesmo tempo, trava bastante e fica difícil trabalhar", contou.
Já as moradoras do bairro Parque Rodrigo Barreto, em Arujá, Valéria Treice e Rafaela Benevides, disseram que ambas mães trabalham fora, o que pode aumentar os riscos de contaminação por coronavírus. "Como minha mãe é enfermeira, ela precisa utilizar o transporte público todos os dias. Infelizmente, é um risco que corremos. Não tem como ela simplesmente parar de trabalhar", disse Rafaela.
"Acredito que muitas pessoas de regiões periféricas têm o perfil da minha mãe, que atua como diarista e precisa se deslocar bastante até chegar ao trabalho. Essas pessoas estão esquecidas", explicou a arujaense Valéria, sobre a diferença entre a população socioeconomicamente fragilizada e a mais favorecida. (T.M)