Embasado no contexto histórico e social do Brasil, o historiador e professor da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Mario Sergio de Moraes, enfatizou que a situação gerada pela pandemia do coronavírus é uma das mais graves que a humanidade atravessou em diversos sentidos, e que a fragilidade social que atinge o Brasil é um dos agravantes em relação ao número de mortes pela doença.
O historiador traçou um paralelo entre o avanço da Covid-19 em São Paulo com a meningite que atingiu o Estado em meados de 1974. Na época, cerca de 3 mil crianças da capital morreram em aproximadamente 60 dias. Ainda neste paralelo, a má distribuição de renda foi outro fator para impulsionar o número de mortes, cenário semelhante ao dos dias de hoje. Tal ineficiência na distribuição de recursos será prejudicial, segundo Moraes, no acesso à saúde pública de qualidade, visto que os mais ricos terão garantido o atendimento, enquanto camadas mais pobres da sociedade não terão tal oportunidade.
"Ao mesmo tempo em que a epidemia do coronavírus é muito mais perigosa que a da meningite, por exemplo, temos uma situação de paralisação da economia, um desgoverno completo. Nós perdemos o controle", disse o professor, se referindo a falta de alinhamento entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o seu ministro de Saúde, Henrique Mandetta.
Segundo o especialista, a sociedade moderna nunca se deparou com algo semelhante ao registrado pelo avanço do coronavírus.
Guerras
Apesar da falta de presença nas ruas e a sensação de tempos difíceis, o professor Moraes informou que a situação da propagação do coronavírus pouco se assemelha aos tempos de grandes guerras mundiais. No que é possível traçar o paralelo, a inevitável crise econômica se destaca.
De acordo com o especialista, a principal diferença está no número de vítimas que, baseado em estudos, a pandemia pode fazer, que não se aproxima das mortes durante os embates entre países. "Não podemos comparar com as guerras, mas é certo afirmar que essa vai ser a maior crise financeira desde a Segunda Guerra Mundial, bem maior que a ocorrida em 2008", avaliou Moraes.