Diante da repercussão gerada pelo comportamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus, participou no domingo passado de ato a favor do seu governo e com críticas ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República divulgou nota ontem afirmando que o Ministério Público Federal "não é um poder político", mas "um órgão autônomo e independente", e que todas as representações protocoladas sobre o caso serão devidamente analisadas.
A presença de Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios durante a manifestação de domingo gerou reação de parlamentares, tendo o líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), classificado o comportamento como "uma irresponsabilidade sem tamanho". O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou a atitude de Bolsonaro um "atentado à saúde pública" e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), classificou o comportamento como "inconsequente" e um "confronto" à democracia.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de tribunais superiores avaliam que houve "manipulação política" nos protestos a favor de Bolsonaro e reprovaram o gesto de romper o isolamento e falar com apoiadores durante a manifestação em Brasília, contrariando recomendações do Ministério da Saúde.
Em contrapartida, o MPF indicou que o procurador-geral da República, Augusto Aras, não "adianta posicionamento e não faz juízo de valor em ambientes de opinião pública". Além disso, a Procuradoria destacou que "atua de forma técnica, em respeito à Constituição Federal e às leis, defendendo a estabilidade das instituições de Estado, fundamentais para a segurança e a economia do país". (E.C.)