O Ministério da Saúde atualizou ontem a sua plataforma de notificação de casos de coronavírus e informou que há no país 234 pacientes confirmados para a doença. Segundo a Pasta, o Distrito Federal tem agora transmissão comunitária da doença, quando já não é mais possível identificar quem transmitiu o vírus para quem.
No domingo passado, o governo contabilizava 200 casos confirmados. Há outros 2.064 pacientes monitorados sob suspeita de infecção pela Covid-19. Já foram descartadas 1.624 casos. Não há óbito no Brasil.
O Estado de São Paulo tem o maior número de infectados, com 152 pacientes - anteontem eram 136. Depois, vem o Rio de Janeiro, que registra 31 casos.
O Ministério da Saúde informou que locais com transmissão comunitária da doença, como São Paulo, Rio e agora o Distrito Federal, devem reduzir a "busca ativa" por casos de coronavírus, ou seja, testar para a doença apenas pacientes graves. O cenário indica que o vírus já está em processo de disseminação no território.
A medida marca a entrada da fase de "mitigação da doença", quando a prioridade é salvar vidas em vez de segurar o avanço da doença no país, pois o vírus já circula ativamente.
Leitos hospitalares
O Ministério da Saúde estuda impedir exportações de equipamentos usados em leitos de UTI, como respiradores, e até requisitar leitos da rede privada para atender ao SUS.
A Pasta avalia também reduzir tributos sobre medicamentos usados contra o coronavírus, além de postergar o reajuste anual de preços destes produtos.
"O Ministério da Saúde passa a trocar informações sobre uso de leitos privados (com a rede privada). Queremos saber qual a ocupação, quem tem leito ocioso, quem não tem, qual a ocupação. Se necessário, vamos requisitar leitos privados ao SUS", disse o secretário-executivo da Pasta, João Gabbardo.
Ele afirmou que o governo está discutindo a redução e eliminação de impostos de alguns produtos para saúde. Gabbardo disse ainda que o governo quer receber equipamentos de UTI que a China já deixou de usar, pela diminuição dos casos. "Estamos em contato com a embaixada chinesa, para colocar o Brasil como voluntário para receber equipamentos", afirmou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu ontem que os países com casos do Covid-19 isolem os infectados para prevenir o avanço da pandemia, destacando que ainda não há evidências claras sobre como o coronavírus se manifesta em crianças, mas que já houve mortes.
"Sabemos que as crianças podem ser infectadas e que elas podem morrer por essa doença. Não podemos dizer universalmente que é (uma doença) leve em crianças", afirmou Maria van Kerkhove, diretora da área de Doenças e Zoonoses Emergentes da OMS.