Desde que saiu de Biritiba Mirim, onde morou por 15 anos, com destino à Itália, o projetista Daniel Borin nunca imaginou que passaria pelos momentos difíceis que passa atualmente. Nascido em Minas Gerais, mas biritibano de coração, o projetista conversou com a reportagem e relatou o clima caótico que o país atravessa nos últimos meses devido à pandemia do coronavírus que já fez mais de 7,5 mil vítimas fatais no país.
"Nas ruas não se vê ninguém, além de pessoas que vão no mercado ou em farmácias", relatou. A descrição é semelhante ao que está ocorrendo em parte do Brasil, como a cidade de São Paulo, onde a quarentena que determina o fechamento de comércios não essenciais já teve início nesta semana.
A semelhança entre as perspectivas dos dois países - Brasil e Itália - preocupa Borin, visto que ele também analisa que em seu país de origem medidas restritivas não estão sendo tomadas pelo governo federal, deixando apenas algumas regiões em quarentena, e que já existe uma orientação para reduzir o isolamento social.
"O Brasil está seguindo os mesmos passos (da Itália), deixando que governos estaduais tomem suas próprias providências. A ação deve ser conjunta e para todos. Aqui, nós vimos que isolar só uma região é um erro", argumentou o brasileiro.
A situação na Itália de fato não é simples. Segundo informações do governo local, o número de mortos pela pandemia aumentou para 7.503, com as 683 mortes da última quarta-feira.
"Ainda não chegamos no ápice da contaminação, que está prevista para essa semana. O grande problema é que no norte está ainda fora de controle", disse Borin, se referindo à região da Lombardia, área mais afetada pela epidemia no país.
Mesmo com a situação da Itália, diferentemente de outros brasileiros, Borin não deseja retornar ao Brasil devido aos problemas sociais e políticos que o país atravessa nestes últimos anos. "Ainda mais agora, por saber que o vírus será um agravante muito sério para o país, mesmo adotando medidas antecipadas", concluiu.