A vida de brasileiros que moram na Europa se alterou bruscamente com o avanço do coronavírus (Covid-19). A reportagem conversou com a dois moradores do Alto Tietê que, desde o ano passado, moram na Europa e um brasileiro que mora na França. Eles contaram como está sendo a rotina deles: confinados em suas casas e sem a possibilidade de retorno para o Brasil, como parte deles desejam.
O guararemense estudante de engenharia mecânica, Matheus Hideck, que há oito anos mora em Paris, capital da França, contou que já passou por diversas situação que impactaram o país, como o incêndio na Catedral de Notre-Dame, em abril passado e os atentados terroristas no final do ano passado, mas, nenhum deles superam o clima que a cidade se encontra atualmente. "A maioria das pessoas só sai de casa para fazer compras. A gente só pode sair com uma justificativa, por exemplo, trabalhar, como estou fazendo. A gente fica com medo, apreensivo", contou. Por outro lado, Hideck concorda com o posicionamento do presidente Emanuel Macron, que ordenou o fechamento das fronteiras do país.
A decisão de fechamento das fronteiras surpreendeu o casal Vinicius Caldas Martins, 22 anos e Giovana Silva Schiavi, 20. Guararemense e mogiana, respectivamente, os dois residem em Paris atualmente e estavam realizando uma viagem por diversos países da Europa, antes do avanço do coronavírus. No último domingo estavam na Alemanha e foram informados de que as fronteiras do país seriam fechadas e tiveram que ir para a Holanda (último país a fechar suas fronteiras) para então conseguir retornar à França. "No leste europeu não parecia que estava acontecendo nada, a situação estava completamente normal. A gente foi sentir a gravidade da situação quando chegamos na Alemanha. Lá vimos que o caso era grave", contou Martins à reportagem.
O casal já tinha comprado passagens para retornar ao Brasil, mas devido ao cancelamento em massa de voos das companhias aéreas, o casal terá que aguardar de 15 a 30 dias na França. "A gente vê que a situação nos mercados está bem complicada. Já não temos muitas coisas para comprar", contou Giovana, ressaltando ainda que o sistema de transporte também foi alterado. Passagens físicas já não são mais emitidas e os motoristas permanecem em isolamento nas cabines de direção. "Está complicado", completou a mogiana.
Atualmente, o casal deseja se informar sobre as medidas que o governo brasileiro está aderindo para saber se há a possibilidade de retorno para o país. "A gente quer muito voltar para o Brasil".
Mesmo com o anseio dos brasileiros em retornar ao país, os voos seguem cancelados.
Fronteiras
A União Europeia anunciou na última segunda-feira o fechamento das fronteiras de todos os seus países-membros pelo período inicial de 30 dias. A medida adotada faz parte dos esforços realizados para diminuir a pressão sobre os sistemas de saúde dos países afetados. O continente europeu é agora o principal disseminador do Covid-19 no mundo, ao passo que os casos na China, epicentro original da doença, já apresentam uma importante redução de novos casos.
"Os membros dos Estados tomaram medidas fortes para diminuir a disseminação do vírus, e elas são efetivas apenas quando coordenadas", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em comunicado publicado nas redes sociais
O governo brasileiro ainda não adotou medidas semelhantes aos países vizinhos. O presidente da Câmara Federal, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), entretanto, defendeu a medida, além de sugerir cancelamento de voos internacionais.