Ao passo que Rita de Cássia Ferreira, ou Rita do Tradef, como é conhecida na cidade, foi se envolvendo com a organização não-governamental (ONG) Trabalho de Apoio ao Deficiente (Tradef), ela também começou a perceber significativas melhoras em seu desenvolvimento pessoal. Hoje, casada e independente, diz ser melhor graças à entidade.
Em 1993, quando começou a participar das atividades do Tradef, Rita passou a compartilhar mais momentos com pessoas que também possuem algum tipo de deficiência. Com essa convivência, o sentimento de poder ser capaz de realizar seus desejos e sonhos aumentou, inspirado naqueles que estavam ao seu redor.
Certa vez, Rita estava em uma competição de dança, em relação à qual faz questão de ressaltar seus feitos, e dividia quarto com outra mulher, que também possuía deficiência motora. Em dado momento, após uma apresentação, a mulher chamou Rita e, com os olhos cheios de lágrimas, disse: "Eu gostaria de ter metade da força que a senhora tem. Parabéns e obrigado!". Aquele episódio ficou marcado na vida de Rita, visto que, mesmo sem saber ou almejar tal posto, era reconhecida como um exemplo de superação para um grupo de pessoas.
Convívio
Acompanhando um processo natural de convivência, Rita começou a se permitir mais em relação à sua doença. E perceber que, mesmo com as dificuldades impostas pela poliomielite contraída na infância, iria conseguir ajudar seus iguais na realização dos sonhos. Ela credita essa aceitação ao convívio com os pacientes. "Tudo o que fiz no Tradef me possibilitou sentir que era capaz, porque a minha família já tinha me mostrado que eu era. Faltava eu sentir. Eu me sentia um pouco à parte da sociedade e, quando entrei no Tradef, tive que me expor, sair da zona de conforto", disse.
No que depender de Rita, sua deficiência vai, inclusive, ser usada como marketing pessoal para atingir objetivos em comum para a entidade. Ela conta que sai na frente de pessoas sem deficiências em uma possível competição por algum recurso ou outro benefício à entidade que preside. "Se eu entrar numa competição em alguma venda ou para receber alguma coisa, por exemplo, sei que saio na frente. Hoje, uso minha doença como motivação para outras pessoas e como marketing pessoal para ajudar o Tradef. Nunca faria isso com meus pacientes, mas, para ajudar a entidade, eu faço sim", completou. (F.A.)