Foi no final de 1962 que Álvaro Rodrigues dos Santos se encantou pela geologia. Nesta época, aos 20 anos, o jovem, que nasceu em Batatais, no interior de São Paulo, vivia uma vida agitada na capital paulista. Chegou a fazer cursinho com o objetivo de entrar na USP para estudar Direito ou Medicina, mas não chegou nem a prestar vestibular. Foi aí que sua mãe teve um papel fundamental e o apresentou à geologia. "Minha mãe, esperta e amorosa como ela só, enviou-me algum material de divulgação da geologia. Foi amor à primeira vista. Tinha tudo que eu queria, campo, espírito de aventura, patriotismo e mais alguns apetitosos ingredientes. Fiz cursinho, fui muito bem no vestibular e, em 1964, estava matriculado no curso de Geologia da USP", detalhou.
Era o começo de tudo. Santos se apaixonou pelo curso e foi se envolvendo cada vez mais. É por isso que ele não atribuiu a sua escolha pela geologia como uma vocação. "Não entendo como vocação. Debito mais o fato à minha índole que me levava a aventuras, contato com a natureza, amizades... Mas, de qualquer forma, desenvolvi com a geologia uma fecunda relação, uma verdadeira paixão, que até hoje conservo em minha vida profissional", relatou Santos.
O profissional, que atualmente possui mais de 40 anos de experiência, entre elas atuando no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), se tornou uma das referências brasileiras em geologia. "São dois grandes campos de aplicação: a Geologia Econômica, que tem por missão a busca e a lavra de todos os recursos minerais de interesse do homem (aí inclusos todos os tipos de minérios, o petróleo, o gás natural, a água subterrânea), e a Geologia de Engenharia, cuja missão maior é compatibilizar tecnicamente toda intervenção do homem no planeta com as características geológicas naturais (o ambiente geológico) de cada região ou local afetado. Desde meu primeiro emprego optei pela Geologia de Engenharia", contou.
Contra os piscinões 
Santos é autor de livros técnicos sobre temas que vão desde o uso e ocupação do solo, serra do Mar, além de enchentes e deslizamentos, tema que, aliás - nesta época quando se começam a ser registradas chuvas mais consistentes -, se tornou extramente recorrente nas cidades brasileiras, principalmente no Alto Tietê que, além de abrigar parte da Mata Atlântica, também possui cidades com áreas de risco e que sofrem com os repetidos episódios de enchentes. Diante desta problemática, Santos é enfático ao dizer que a implantação de piscinões não é eficaz.
"Os piscinões implicam em graves problemas para as municipalidades e para a sociedade, exigindo que uma decisão sobre sua implantação seja anteriormente submetida a exigentes ponderações técnicas, econômicas e sociais, e não simplesmente apoiada em modismos tecnológicos, como vem sendo atualmente. A propósito, há um elenco grande de outras alternativas de mesmo sentido técnico (ou seja, retardar o tempo e diminuir o volume das águas de chuva que a cidade lança sobre o sistema de drenagem urbano, de concepção e execução mais simples, adotadas em conjunto) que poderiam cumprir papel hidráulico similar como, por exemplo, pequenos e médios reservatórios domésticos e empresariais para acumulação e infiltração de águas de chuva, estacionamentos, pavimentos e pisos drenantes, calçadas, valetas, pátios e tubulações drenantes, poços e trincheiras de infiltração, disseminação de bosques florestados, etc", finalizou. (D.P.)