O vereador Mauro Araujo (MDB), alvo de investigações do Ministério Público (MP) pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, se pronunciou no final da tarde de ontem sobre o caso, classificando a investida do MP ao seu gabinete, na Câmara Municipal e acompanhada por viaturas da Polícia Militar, como uma "pirotecnia".
O MP esteve ontem no gabinete número 10 da Casa, de responsabilidade do parlamentar, em cumprimento da ordem judicial de busca e apreensão dos objetos que podem servir como prova dos possíveis atos ilícitos cometidos por Araújo. Ao todo, foram coletados dois computadores e alguns documentos que serão analisados nos próximos dias.
Em sua defesa, o vereador demonstrou surpresa sobre o caso no qual, segundo ele, de vítima foi transformado em autor. "Estou certo de que com tudo apurada e constatada a retidão do negócio, que aliás, sempre tem sido o norte da minha vida, tanto pública como privada, será a investigação levada a arquivo", disse, por nota, o vereador, que não compareceu à sessão ordinária da câmara na tarde de ontem. Explicou ainda que há alguns meses, em sociedade com o empresário Joel Leonel Zeferino, participou de um leilão de carros no qual eles arremataram alguns automóveis e depois descobriu que se tratava de uma fraude. Na ocasião, levou o caso à polícia e foi ajuizada ação perante a Justiça.
A surpresa relatada pelo vereador Araújo também foi compartilhada pelos seus colegas de plenário, que, sem citarem as buscas do MP ao gabinete do parlamentar em nenhum momento durante a sessão ordinária de ontem, nos bastidores afirmaram que ainda é cedo para definições políticas sobre o vereador investigado. Seu colega de sigla, Diego de Amorim (MDB), o Diegão, afirmou que ainda é cedo para tratar do assunto, visto que ele não havia conversado com Araújo.
O presidente da Câmara, vereador Sadao Sakai (PL), afirmou ter sido contatado no começo da manhã de ontem pelo MP sobre agentes do MP que iriam realizar a busca no gabinete do parlamentar.
Cotado como principal nome para assumir a presidência da Câmara no próximo ano, o vereador Araujo deve ser ouvido oficialmente nos próximos dias, embora ainda não exista data exata.
O empresário Joel Leonel Zeferino, envolvido no caso com o vereador Mauro Araújo, também denominou a ação do MP como "pirotecnia". Ele reforçou a versão do vereador, ao explicar que, há alguns meses, ambos participaram de um leilão de carros, quando arremataram alguns automóveis, no entanto, descobriram, mais tarde, que se tratava de fraude. "A exemplo de qualquer pessoa de boa fé, para tentar reparar os prejuízos e punir os culpados, levamos o caso à polícia e pedimos que fosse esta ocorrência investigada, visando à punição dos estelionatários", justificou Zeferino, em nota. "É triste sinalizar que, pelo visto, a Justiça confunde com facilidade vítima com ladrão", disse o empresário.