Em busca de diversão, centenas de pessoas aproveitam as altas temperaturas para se banhar em lagos e represas de Mogi das Cruzes, Suzano e outras cidades do Alto Tiete. Prática comum principalmente nesta época do ano, nadar em represas e lagos pode ser divertido, mas, ao mesmo tempo, muito perigoso.
Nos últimos três anos, 97 pessoas morreram vítimas de afogamentos nas cidades do Alto Tietê. Em Mogi, por exemplo, em outubro deste ano, um pintor de 52 anos foi encontrado morto na represa do rio Jundiaí, no distrito de Taiaçupeba. No local, há uma travessia que pode ser feita caminhando, entre as extremidades do rio, na qual o pintor Getúlio da Mata, perdeu o equilíbrio e se afogou.
Durante a semana, o movimento da represa é basicamente de pescadores, sendo que o movimento de visitantes ao local para mergulho se intensifica nos finais de semana, quando pessoas da zona leste de São Paulo, juntamente com moradores de cidades da região, se reúnem para acampar e nadar, como explicou o motorista aposentado que há 50 anos pesca no local, ao menos duas vezes por semana, Adão Batista Morais, de 74 anos. "Vem muita gente da capital, às vezes tem umas brigas aqui também, carro de som. É meio perigoso mesmo", contou.
Quem também pesca com frequência no local é o aposentado Milton Souza Moreira, 72, que disse que o grande perigo que a represa apresenta é para os que consomem bebida alcoólica e resolvem nadar. Para ele, as duas coisas não combinam. "Nessa época de sol forte é muito comum (pessoas nadando). Quando o calor chega já começa a encher de gente nadando. Mas o risco é para gente bêbada, que acaba se enroscando e se afogando", completou Moreira.
Na mesma época do morte do ponto de Mogi, um homem de 52 anos também morreu afogado, desta vez em Suzano, na Lagoa Azul, localizada no bairro Jardim Monte Cristo, lugar movimentado e conhecido para a prática. Por lá, a administração municipal tenta de várias formas inibir a iniciativa - seja pela instalação de grades cercando e dificultando o acesso, seja pelas placas instaladas no local. "Mas, mesmo assim, as pessoas mergulham, sabem que é perigoso, que já morreu gente, e mesmo assim ainda nadam. A culpa não é da prefeitura, molecada pula a grade e assume o risco". Estas são palavras da atendente Grazieli Paola, 23, que trabalha em uma loja de materiais de construção em frente à lagoa, na rua José de Almeida.
No mesma via, pouco à frente, o comerciante Veraldo Alves Camilo, 65, diz que já viu muitas mortes no local. Nos finais de semana, cerca de 40 pessoas se reúnem às margens da lagoa, com carros de som, para nadar no local. "Fez calor no fim de semana é fatal, muita gente aqui. O problema é que quando mergulha o pé afunda na argila, que fica no fundo, e não volta mais", detalhou o comerciante que sugere mais atenção da prefeitura para acabar com as mortes frequentes.