A foto das filhas Fernanda e Giovana, ainda crianças na beira de uma piscina, enfeita a sala de atendimento do “pai coruja”. A mais velha, Fernanda, tem 23 anos, mora em São Paulo, e está concluindo o curso de Psicologia na capital. Já a caçula, Georgia, está com 21 anos e trabalha na UMC. No entanto, os retratos trazem a imagem das filhas quando eram crianças: o que se vê são duas lindas garotinhas sorrindo. “Deixo aqui as fotos delas pequenas para as pessoas acharem que eu sou novinho”, explicou, barganhando.
As meninas são fruto de uma união que teve início lá na adolescência. Adilson e Vania se conheceram ainda na época da escola, na cidade de São Pedro, interior paulista. Em 1983, vieram juntos estudar em Mogi das Cruzes e, seis anos depois, já formados – ela se tornou médica pediatra – foi realizado o casamento. “A gente se casou entre o Natal e o Ano Novo, lá em São Pedro e, mesmo assim, vários amigos nossos compareceram. Sinal que realmente eles gostam muito de nós”, explicou.
Foi esta base, que se solidificou ainda mais com o passar dos anos, que deu à família o entendimento necessário para lidar com um novo universo que se abriu sobre eles. Foi quando a filha Georgia nasceu com Síndrome de Down. Adilson conta que, nesta época, um amigo lhe disse algo que foi essencial. “Ele falou o seguinte: se você olhar para sua filha e ver que ela é um eterno problema, ela vai ser um eterno problema. Agora, se você achar que é alguém que precisa de mais cuidados, é assim que vai ser”, recordou.
E é assim que tem sido. “Minha esposa passou a trabalhar meio período para correr com a filha. Conhecemos um médico especializado em down e minha esposa começou a trabalhar lá e depois fez especialização na área de Síndrome de Down. Participamos de muitos congressos sobre o assunto. Abriu um outro universo para nós. Começamos a ver o mundo de maneira diferente”, detalhou.
Os pais também se preocuparam com a filha mais velha, a Fernanda, já que a diferença de idade entre ambas é de dois anos. “A Geórgia recebia muita atenção nossa e, por isso, resolvemos colocar a Fernanda em terapia para ela entender melhor sobre tudo isso. Hoje, ela é uma pessoa que está muito presente na vida da irmã, inclusive, trabalha em um grupo em que a Geórgia participa”, explicou.
Bergantin, atualmente, trabalha de segunda a sexta-feira e faz questão de frisar que o fim de semana sempre é dedicado à família. “Eu sou muito família. Adoro estar com elas”, finalizou.