"Não adianta falar "não quero". Faça uma sugestão, vamos resolver juntos, porque o nível de investimentos para o lote é mais de R$ 5 bilhões. Não podemos perder isso, o governo tem seus limites de investimento e temos que aproveitar este momento". As palavras são do diretor de Investimento da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), Pedro Brito, após a audiência pública realizada na manhã de ontem em Bertioga.
A resposta se deu durante coletiva de imprensa na Câmara Municipal de Bertioga, após questionamento da reportagem do Mogi News sobre a mobilização em Mogi das Cruzes contra a instalação do pedágio na rodovia Mogi-Dutra (SP-88).
A Artesp se apoiou no grande investimento previsto para os mais de 240 quilômetros de rodovias que fazem parte do lote de concessão para justificar a instalação da praça de pedágio no quilômetro 45 (trecho de Mogi das Cruzes) da Mogi-Dutra. A justificativa é que com a alteração dos postos de cobranças, seria necessário um reagrupamento do projeto, com novos cálculos e estimativas, para se fazer um novo lote. ""Ah, então vamos mexer para cá". Mas aí, a conta não fecha, então não tem concessão e não tem investimento de quase R$ 6 bilhões", alertou Brito.
Questionado sobre a possibilidade da agência atender o pedido do Executivo e Legislativo mogiano de retirada do pedágio da Mogi-Dutra, o representante da Artesp não prometeu mudanças. "Não adianta eu te falar agora porque isso geraria uma expectativa errada", disse. O parlamentar Roberto de Lucena (Podemos) também se manifestou contrário à proposta, e propôs união entre os deputados. "Proponho que deputados da região façam uma frente de ação conjunta para impedir o projeto", destacou.
A audiência pública de ontem foi realizada no auditório da Câmara de Vereadores de Bertioga e contou com a participação popular - assim como ocorreu no encontro em Mogi das Cruzes, na segunda-feira passada - que questionou os impactos ambientais de tais obras propostas pela Artesp (veja mais baixo).
O professor aposentado, que há 15 anos possui residência em Bertioga, Valdir Romagnoli, 57 anos, se mostrou favorável ao projeto da Artesp, questionando apenas a implantação da praça de pedágio entre na rodovia Rio-Santos (BR-101). "A estrada entre Bertioga e Santos é bem perigosa, mas já temos muitos impostos para conseguir implantar essas melhorias. Tem muitas coisas do projeto que tem de ser feitas, mas não pode ter pedágio", argumentou o professor.
O presidente do Legislativo Municipal, vereador Luís Henrique Capellini (PSD), classificou a praça de pedágio como "efeito colateral", de tantas melhorias que estão sendo propostas. "A rodovia é muito perigosa, com muitos acidentes, os investimentos que vão ser feitos devem diminuir essas fatalidades, e o pedágio é um efeito colateral", ponderou o chefe do Legislativo bertioguense.
A última das audiências públicas sobre o tema ocorre hoje, às 10 horas, no auditório do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) em São Paulo, no mesmo dia em que será aberta a consulta pública do projeto.