Fernando Diniz terá uma missão difícil em sua estreia pelo São Paulo: ser o primeiro time a tirar pontos do Flamengo no Maracanã nesta edição do Campeonato Brasileirão. O líder da competição tem 100% de aproveitamento como mandante e vem de oito vitórias consecutivas. As equipes se enfrentam hoje, às 19 horas, pela 22ª rodada.
Embora Diniz tenha falado que não fará muitas mudanças na equipe, ele será obrigado a promover algumas alterações. Everton e Toró estão lesionados, assim como Alexandre Pato, que já vinha sendo desfalque da equipe. Por outro lado, Hernanes volta a ficar à disposição após cumprir suspensão na rodada passada. Raniel está recuperado de dores no joelho direito e pode ser opção no ataque são-paulino.
O novo técnico comandou apenas uma atividade antes de sua estreia. O treino aconteceu na manhã de ontem, no CT da Barra Funda, e foi fechado à imprensa. "Procuramos mexer o mínimo possível na equipe. Vou colocando aos poucos o que penso sobre futebol. Até porque o jogo é sábado. É procurar conversar, passar vídeos para eles e levar um time forte e determinado para o Rio", afirmou Diniz, em sua apresentação oficial ontem.
A saída de Cuca e a chegada de Diniz mantém uma rotina de técnicos com poucos jogos no São Paulo. Desde Muricy Ramalho, ainda em 2015, um treinador não completa 50 partidas no comando da equipe tricolor. De lá para cá, passaram pelo clube Juan Carlos Osorio, Doriva, Edgardo Bauza, Ricardo Gomes, Rogério Ceni, Dorival Júnior, Diego Aguirre, André Jardine e agora Cuca, além dos interinos Milton Cruz, Pintado e Vagner Mancini.
Neste período de mais de quatro anos, Edgardo Bauza foi o mais longevo: comandou o São Paulo em 48 jogos até ser seduzido por um convite para treinar a seleção da Argentina em agosto de 2016, quando foi embora.
Doriva teve a passagem mais breve, com apenas sete partidas à frente da equipe. Aguirre foi o treinador são-paulino em 43 ocasiões; Dorival Júnior em 40; Rogério Ceni fez 37 partidas; Osorio, 26; Ricardo Gomes comandou o time 17 vezes; e André Jardine, apenas 15. Cuca pediu demissão com 26 partidas disputadas nesta sua segunda passagem pelo clube. Não suportou a pressão.
Dos nove treinadores pós-Muricy Ramalho, atualmente comentarista de TV, seis foram demitidos pela diretoria. Além de Bauza e Cuca, o outro a pedir demissão foi Osorio, que recebeu convite para treinar a seleção do México em outubro de 2015 e não pensou duas vezes. Pediu desculpas e foi embora.
Além do número alto de trocas no comando, chama a atenção também os diferentes perfis de treinadores escolhidos. O São Paulo já apostou em estrangeiros, medalhões e novatos.
Ninguém deu certo. Uns pregaram estilo de futebol mais ofensivo e outros apostaram em armar suas equipes de forma reativa. Nenhum vingou. Da lista de treinadores que passaram pelo Morumbi nos últimos quatro anos, o único que não fez parte da "era Leco", o presidente do clube, foi Osorio. Os outros oito foram contratados e demitidos pelo atual presidente do São Paulo, que tem mandato até o final de 2020. Ele não esteve na entrevista de despedida de Cuca, nesta quinta-feira. O treinador falou ao lado do diretor executivo de futebol Raí na sala de imprensa do CT.
Raí, aliás, evitou analisar as constantes trocas de técnicos do São Paulo. "Não dá para definir em poucas palavras de uma entrevista coletiva. Estamos analisando tudo isso, não é o ideal Obviamente, assumimos parte da responsabilidade disso. Em um clube grande, que fica muito tempo sem vencer, acaba passando por isso", afirmou o dirigente, que está no cargo desde o final de 2017.