Dois motoristas mortos, em menos de 20 dias. Duas famílias destruídas pela brutalidade de um grupo crescente na região e no Estado: o de assaltantes de motoristas por aplicativo.
Ações para inibir - ou ao menos reduzir - os casos desta natureza começam a ser propostas pela classe. Motoristas propõem que as empresas do ramo sejam mais ativas no controle da violência, disponibilizando recursos de "defesa" para seus colaboradores.
O primeiro a ser morto no mês de setembro foi Valter Padro Filho, 32 anos, que foi rendido e torturado com a própria arma de choque por quatro criminosos com média de idade de 17 anos de idade. O crime ocorreu na madrugada do dia 2 do mês passado e chocou moradores e companheiros de trabalho.
Para completar a renda de sua família, já que estava desempregado desde o começo do ano, Elvis Souza Leite, 41, também realizava corridas por aplicativo até ser enforcado com o próprio cinto de segurança, em Itaquaquecetuba, após uma tentativa de assalto frustada no último dia 19. Os três bandidos, incluindo um jovem de 16 anos que confessou o crime, nada roubaram do motorista, segundo a PM. Menos de 24 horas após este caso, um outro profissional da área foi amarrado e abandonado em um matagal em Suzano, após atender uma corrida na rua Jorge Bey Maluf.
O clima que já era de alerta para a categoria ficou mais estremecido e a recomendação agora é clara: cautela.
A Associação de Motoristas por Aplicativo da Região do Alto Tietê (Amarati), tenta administrar a situação, mas reconhece que o problema da criminalidade contra os motoristas é generalizado e acontece em todo país. "Assalto não é só com motorista de aplicativo, está acontecendo com todo mundo, em suas casas, na rua", disse o presidente da organização, Maicon Silva. Em sua visão, as grandes empresas como Uber e 99 poderiam se organizar e propor estrategias para deixar seus profissionais com mais ferramentas para conseguir distinguir uma corrida real de uma falsa. "As empresas até tem tentado mudar sua estrutura, mas este processo é lento e é o que cobramos é mais agilidade na resolução destes problemas. Enquanto isso, os criminosos vão se aproveitando das falhas para cometer crimes", lamentou Silva, presidente da Amarati.
A Polícia Militar também se diz presente e que também trabalha para a redução destes índices. "A Polícia Militar realiza operações constantes para combater a criminalidade, inclusive com abordagens aos carros comumente utilizados por motoristas de aplicativo com objetivo de inibir ações de criminosos", informou por nota. Enquanto a sensação de medo domina a categoria, a orientação da diretoria da Amarati para os profissionais da região é analisar caso a caso, tentar colocar o possível criminoso em situação desconfortável, fora da zona de conforto e seguir a intuição, não se prestando a corridas nas quais geram dúvidas sobre
a confiabilidade.
*Texto supervisionado pelo editor