Não é impressão, é fato. De uns tempos para cá, o número de encontro de animais silvestres no meio urbano tem aumentado. Segundo levantamento do próprio veterinário Jefferson Leite, entre os anos de 2017 e 2019, houve um crescimento de 39% neste tipo de ocorrência. São 196 resgates feitos pelo veterinário em 2017 contra 216 registrados no ano passado. Em 2019, até o momento, Leite já fez 129 atendimentos e, segundo ele, a tendência é aumentar, já que a partir da primavera o número de acidentes com bichos nas cidades aumenta.
"É por isso que eu luto pela implantação de um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) em Mogi das Cruzes. Tem aparecido mais animais silvestres na área urbana. Motivo: mudança de clima e o crescimento da cidade. Isso faz com que a área de mata vá se fragmentando e os bichos acabam circulando de um lado para o outro. E tem animais silvestres que estão se adaptando ao ambiente urbano. Por exemplo, hoje nós vemos tucanos na cidade, corujas... Nisso eles acabam se encontrando com seres humanos e os acidentes acontecem", detalhou.
No final do mês passado, duas capivaras foram capturadas no estacionamento do prédio da Câmara de Mogi. Assustados, os animais silvestres, no momento da captura, fugiram em direção a Universidade de Mogi das Cruzes, ali mesmo ao lado e, logo depois, foram apanhadas pela equipe do Centro de Controle de Zoonoses. Os animais foram soltos nos fundos do Parque Centenário. "A cidade, realmente, precisa, sim, de um Cetas", complementa o veterinário.
A luta de Leite, que desde criança já demonstrava o desejo de cuidados com os animais, começou em meados de 2008. "Na gestão passada, quase conseguimos implantar o Cetas, mas alguns entraves acabaram não permitindo. Eu fiz um estudo e sei que a implantação custaria algo em torno de R$ 1,5 milhão. E o custo anual seria perto disso também", detalhou.
Por outro lado, a Prefeitura de Mogi das Cruzes, por meio de nota, informou que, por enquanto, não há previsão de se implantar este serviço na cidade. A nota diz o seguinte:
Assim como acontece com os rios, todo o trabalho de gestão e fiscalização dos animais silvestres é de responsabilidade do governo do Estado. Isso acontece porque tanto os rios como os animais não possuem fronteiras, ou seja, percorrem várias cidades. A instalação de um Cetas exige um investimento significativo e não há previsão de se implantar este serviço no município, pelo menos por enquanto. Sempre que há ocorrências relacionadas a animais silvestres, as secretarias municipais da região ligadas ao verde e meio ambiente acionam o governo do Estado e acompanham de perto todos os desdobramentos de cada caso. Isso tem garantido uma gestão eficiente nesta área.
Mesmo diante da negativa, Leite diz que o trabalho liderado por ele para a implantação do Cetas não vai parar. "A gente está nessa briga. Minha esperança não morre. Nós temos demanda para isso", concluiu.