As mães que tiveram seus filhos vitimados nas chacinas que ocorreram em Mogi das Cruzes, em 2014 e 2015, e fazem parte do movimento "Mães Mogianas", realizaram um ato na tarde de ontem no Largo do Rosário. A manifestação contou também com a presença da conselheira do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Ines Paz.
Panfletos foram entregues às pessoas que transitavam pela praça, além de mensagens transmitidas pelas mães e pela conselheira da Apeoesp.
A artesã Regina Aparecida Simão, de 53 anos, esteve presente no ato e comentou sobre a importância da manifestação. O filho de Regina morreu em 2014, e ela ainda aguarda a condenação do policial responsável pelo crime. "Ele (o policial) já foi absolvido em dois júris, isso é um absurdo! Na próxima semana terá um novo júri e eu tenho muita fé de que desta vez ele será condenado. Nosso protesto de hoje (ontem) serve para que as pessoas não esqueçam do sofrimento dessas mães por conta da impunidade desse país", explicou.
O filho da aposentada Maria Aparecida Alves, 62, foi executado em 2015, no Ano Novo e, desde então, ela não comemora mais a data. Maria Aparecida também mostrou consternação com a situação. "Nós, mães, esperamos conscientizar a população de que muitos meninos foram mortos sem estarem cometendo qualquer ato ilícito. Ainda que estivessem, não justificaria a execução, já que penalidades do gênero não são legais no Brasil", completou.
Nadja Caroline dos Santos, 35, cuidadora, é mãe da vítima Marcos dos Santos, morto em 2015. "É comum que as pessoas julguem as vítimas da chacina como indivíduos envolvidos em atos ilícitos, mas eu garanto que o meu filho não tinha nenhum envolvimento. Inclusive, quero ressaltar que Mogi é uma cidade muito submissa à Polícia Militar. As pessoas têm medo da corporação, ao invés de se sentirem protegidas", finalizou.
As chacinas ocorridas em 2014 e 2015 em Mogi das Cruzes vitimaram, ao todo, 24 pessoas, além de 40 baleados.
*Texto supervisionado pelo editor.