No início da madrugada de ontem, o ex-policial militar Fernando Cardoso e o PM Vanderlei Messias foram condenados pelo júri popular como autores de chacinas que aconteceram em Mogi das Cruzes nos anos de 2014 e 2015. Cardoso foi condenado a 132 anos e cinco meses de prisão e Messias recebeu pena de 85 anos e nove meses. Em dezembro do ano passado e em fevereiro deste ano, ambos foram absolvidos em inquéritos que envolvem outros assassinatos.
Cardoso foi julgado nesse processo por associação criminosa armada, seis homicídios consumados e três homicídios tentados, respondendo pela morte de Reverson Otoni Gonçalves, ocorrida em 4 de abril de 2014, e de Renato José Nogueira Neto e Rafael Simão de Oliveira Sarchi, assassinados em 26 de abril do mesmo ano. Ainda, as mortes de Marcus Vinicius dos Santos, Matheus Justino Rodrigues Costa e Thiago Nogueira Novaes também foram julgadas, bem como as tentativas de homicídio de Leonardo Teixeira da Silva e Gabriel Graça Batista. O grupo de jovens estava na rua Professor Gumercindo Coelho quando o caso aconteceu, no dia 8 de julho de 2015. Já Messias respondeu por associação criminosa armada, três homicídios consumados e dois homicídios tentados.
A defesa dos condenados deve entrar com pedido de recurso por não concordar com a decisão. Em contraponto, o promotor de Justiça que acompanhou o caso, José Floriano Lisboa Filho, afirmou estar satisfeito com o resultado e pelo fato dos jurados terem acolhido a denúncia do Ministério Público (MP).
Uma das mães que acompanhou todo o júri é a Regina Simão Sarchi, mãe do jovem Rafael Simão, assassinado por Cardoso em 2014. Desde o primeiro dia de tribunal, Regina não conseguia conter a emoção e afirmou que estava esperançosa. Ontem, em conversa com a reportagem, ela contou como foi o momento em que recebeu a notícia da condenação. "Por volta da meia-noite minha filha me mandou uma mensagem, pois eu estava fora da sala do júri. Ela me disse que eu podia comemorar. Nesta hora dei um grito tão alto que todo mundo que estava lá dentro no júri escutou, aquilo foi muito emocionante. As mães vieram correndo me abraçar, não consegui segurar a emoção e isso só nos fortalece para continuar a luta dos outros meninos que foram mortos", disse.
Apesar da dor de perder o filho e da saudade que anda lado a lado junto aos familiares, Regina revela que o resultado do júri foi um alívio. "É um momento muito doído, queríamos os meninos de volta, sabemos que não vamos ter, mas é gratificante saber que a justiça dos homens foi feita junto com a justiça de Deus", finalizou.
Livro
No dia 3 de setembro, às 19 horas, o grupo Mães Mogianas lançará um livro contando a história de cada uma delas. O evento acontecerá na Universidade de Mogi das Cruzes.